Quando era adoslecente, ficava intrigada por que motivo os adultos perguntavam, entre si, “Onde estavas no 25 de Abril?”. Seria uma data assim tão impactante para recordarem o que estavam a fazer e onde? Com o passar dos anos fui percebendo a importância que a “Revolução dos cravos” trouxe ao país, e do impacto que um acontecimento pode ter no rumo de um país. Fiquei a perceber ainda melhor no dia 11 de Setembro de 2001. Por volta das 14 horas estava ao telefone com uma amiga da faculdade a combinar a ida a Viseu para realizar a matrícula no 3.º ano quando ela me diz, muito incrédula: “está a dar um filme tão esquisito na televisão... aviões que vão
contra prédios altos. E fartam-se de repetir as imagens”. Não se tratava de filme nenhum... estavam todos os canais televisivos em directo da cidade de Nova Iorque a mostrar as imagens de um avião que embateu numa das torres do World Trade Center (WTC - mais conhecido como Torres Gémeas) quando, momentos depois, um segundo avião embate na outra torre. Tratava-se daquilo que mais se temia: um atentado terrorista contra os Estados Unidos da América.
Se teve impacto a todos os que seguiam atentamente a
televisão, mais impactante foi para os que viviam a situação. Bruno Graça, natural da Gafanha do Carmo (Ílhavo) mas emigrante em Nova Jérsia há 24 anos, conta ao Diário de Aveiro que “estava do outro lado do rio” a trabalhar quando se deu o atentado. “Eu e o meu irmão fomos preparar uma casa para uma inspecção [tem uma empresa de canalização de águas, gás e bocas de incêndio] e, quando saímos, perto das 9 horas [locais], vimos fumo no WTC. Pensámos que seria um incêndio normal, mas percebemos que algo estava mal quando encerraram a auto-estrada, não havia rádio ou rede de telemóvel. Fui ter com a minha namorada (agora esposa) ao trabalho dela e aí vi o que se passava na televisão”. E se o embate de um avião poderia ser acidente, quando se dá o segundo percebe que era um atentado. “De repente, as cinco vias da auto-estrada encheram-se de carros da polícia e de bombeiros e só se ouviam sirenes por todo o lado. Sair de Nova Iorque, só a pé”, recorda.