As comemorações dos 110 anos da criação da freguesia da Gafanha da
Nazaré terão lugar hoje. O presidente da Junta, Carlos Rocha (na foto),
fala sobre as celebrações desta data em tempo de pandemia, descreve o
estado actual desta freguesia e traça os próximos objectivos a cumprir
no que respeita ao seu desenvolvimento.
Diário de Aveiro: Como é que a data será assinalada este ano, tendo em
conta os constrangimentos criados pela pandemia?
Carlos Rocha: A data do 110.º aniversário da freguesia é assinalada de
uma forma muito singela. Tão singela que, na mensagem de parabéns que
pretendemos deixar aos cidadãos da freguesia, não quisemos dizer mais
nada a não ser mesmo isso. Felicitá-los a todos, sem excepção, desde os
seus primórdios até aos dias de hoje. No entanto, hoje estaremos na
missa das 19 horas, na Igreja Matriz, onde se assinalam os 110 anos
conjuntos da freguesia e da paróquia, tendo, depois, uma surpresa, que
não tem acto público, mas que se irá manter para o futuro e que tem a
ver com o edifício da Junta de Freguesia.
Como é que a Junta tem gerido toda esta questão da pandemia?
A pandemia na freguesia tem-se vivido com determinação, resiliência,
objectividade e sentido de responsabilidade e de solidariedade, sempre
com a lucidez e racionalidade que a situação impõe. Quando fomos
confrontados com a pandemia, tínhamos um plano de contingência preparado
para levar à prática. Tomámos as medidas necessárias, mesmo contrárias à
vontade de alguns cidadãos menos atentos ou esclarecidos sobre o que aí
vinha, para contrariar a eventual contaminação na comunidade. Apoiámos
socialmente, em particular a Cáritas da Gafanha da Nazaré e o Centro
Social e Paroquial Nossa Senhora da Nazaré, para que nada faltasse aos
mais carenciados e para dar respostas às muitas situações novas que
surgiam todos os dias, nas áreas mais imprevisíveis. Apoiámos as duas
unidades do Centro de Saúde da Gafanha da Nazaré - a USF Atlântico Norte
e a USF Beira Ria -, com entrega de materiais (EPI’S) e com a execução
de alguns melhoramentos importantes para a gestão e acesso dos utentes.
Apoiámos o tecido associativo nas suas diferentes áreas de actuação e
que foram desde o social ao cultural e ao desportivo da freguesia e não só.
E no que respeita à área da educação?
Trabalhámos em parceria com o Agrupamento de Escolas da Gafanha da
Nazaré, entregando materiais para os alunos terem aulas em casa, e
distribuímos refeições pelos mesmos, que eram levantadas diariamente na
Junta de Freguesia (chegaram a ser cerca de 80 por dia), também
respondendo às solicitações da Câmara Municipal de Ílhavo. Entreguei,
nos domicílios, refeições e bens alimentares a quem estava em
confinamento. Ou seja, no período mais crítico e sem o termos
orçamentado para este fim, investimos mais de 25.000 euros para poder
dar respostas a quem mais precisava. Reabrimos os serviços logo que nos
foi possível, com custos acrescidos para o orçamento da Junta de
Freguesia (caso do Mercado) e, durante o período critico de Março a
Junho, isentámos as taxas. Os serviços da freguesia, neste período mais
conturbado, não fecharam, para que, dessa forma, pudéssemos dar as
respostas a quem, de facto, mais precisava delas. Em suma, fomos
forçados a viver e a aprender a viver uma vida nova, que veio alterar
profundamente a nossa normalidade e que, pelos vistos, veio para ficar.
Acreditando nos cidadãos, esta nova vida que nos foi imposta e que nos
veio dificultar o dia-a-dia não nos vai deitar abaixo, pelo contrário,
vai fortalecer-nos ainda mais como comunidade.