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Góis é bom exemplo e mostra estar preparado para mais desconfinamento


Sábado, 16 de Maio de 2020

André Freixo

Creches limpas e desinfectadas para receber as crianças na segunda-feira. Testar trabalhadores de IPSS, bombeiros, polícias, carteiros e funcionários da Câmara Municipal que estejam mais expostos à possibilidade de se contagiarem por Covid-19. O concelho de Góis segue apenas com 10 infectados pelo novo coronavírus e tem sido um dos bons exemplos no que à luta contra a pandemia que se tem feito na Comunidade Intermunicipal da Região de Coimbra (CIM-RC) diz respeito, querendo, deste modo, continuar a não registar novos infectados mesmo com as várias etapas do desconfinamento que estão prestes a chegar.
Na tarde de ontem, os Bombeiros Voluntários de Góis desenvolveram uma actividade que aconteceu durante esta semana nos quatro cantos do distrito, que foi desinfectar e deixar as instalações de creche do Centro Social Rocha Barros (CSRB) prontas para receberem as crianças que, na segunda-feira, já podem regressar a estes espaços. «Procedemos a um processo de desinfecção deste espaço por uma máquina de ozono que transforma o oxigénio que existe em cada divisão em ozono e oxida e mata o vírus. A máquina não usa nenhum detergente nem desinfectante forte, o que quer dizer que quando esta instituição abrir não usamos nada nocivo para qualquer criança que aqui possa estar», explicou Fernando Gonçalves, comandante dos “soldados da paz” goienses. O método, deste modo, é «eficaz e seguro» e poderá ser utilizado, segundo Fernando Gonçalves, «em outros espaços onde seja necessária a desinfecção», contou. Para Rui Neves, bombeiro que foi o responsável por monitorizar a “ferramenta de limpeza”, este foi um «trabalho fácil» sendo que o homem afirmou, mesmo, que a parte que lhe custou mais foi «vestir o equipamento de protecção».

“Está tudo preparado para
receber as crianças”
Olga Bandeira é a directora técnica do CSRB, e deixou uma mensagem de segurança para os pais que, na segunda-feira, vão deixar os seus “pequenos rebentos” neste local: «Está tudo preparado para receber as crianças. Entendemos que a saúde e a segurança das crianças é o mais importante. Queremos que os pais tenham tranquilidade quando entregam as crianças aqui e que tenham a segurança como se estivessem em casa. Estas medidas estão a ser tomadas há algum tempo porque somos creche de referência no concelho. O carinho e atenção para com as nossas crianças por parte de quem aqui está em nada vai mudar mas, claro, com as devidas precauções que temos de ter», disse a responsável máxima da CRSB que, entre berçário, jardim de infância e ATL, recebe cerca de 80 crianças, mas que na segunda-feira espera, apenas, seis “pequeninos”.
Quanto às regras impostas pela Direcção-Geral de Saúde (DGS) para o funcionamento destes espaços, que mereceram críticas no meio, a directora referiu que existirá um esforço colectivo para que estas sejam cumpridas: «Não lidamos com material, lidamos com crianças e, portanto, vamos fazer tudo para que seja minimamente possível obedecermos. As pessoas sabem que há coisas que não se conseguem controlar de imediato nas crianças, o distanciamento não será tão possível quanto queríamos, ou seria desejável, mas tudo faremos para que isso aconteça».

Existe “receio” mas devem
ser criadas estratégias
A educadora de infância Carla Barreto será uma das pessoas que vai receber estas crianças. Será uma entre muitas pelo país todo que na segunda-feira vão regressar ao trabalho no cuidado aos mais novos. «Tomamos todas as precauções, mas há sempre algum receio. Estamos a desconfinar estas crianças tão pequeninas de casa, vamos estar com elas, estamos num ambiente que está desinfectado, mas há sempre algum receio», afirmou Carla que também é coordenadora pedagógica do CSRB.
Na óptica da educadora de infância devem ser criadas «estratégias para tentar que as crianças estejam afastadas, mas que possam brincar e conviver de alguma forma» sendo que, para isso, é necessária «criatividade».

Município já fez 200 testes
mas quer chegar aos 500
O edifício da Associação Humanitária dos Bombeiros Voluntários de Góis tem servido para o município testar algumas das profissões da “linha da frente” do combate à pandemia. No total, foram já 210 pessoas a fazerem o teste serológico à Covid-19 e o objectivo por parte da Câmara Municipal local é chegar ao meio milhar de testados. Quem o disse foi Lurdes Castanheira, edil camarária: «A nossa meta são os 500 testes. Queremos rastrear todos os seniores dos lares e os trabalhadores todos da Câmara», apontou.
«Esta é a primeira fase de testes. Numa segunda fase estamos disponíveis para testar os seniores das IPSS, se as direcções assim o entenderem, todos os trabalhadores da CM Góis, temos 190, só faz quem quiser. Depois a população, não significa que sejam os cerca de 4.000 habitantes, mas rastrear um número significativo», salientou a presidente do município. Lurdes Castanheira referiu que Góis «não foi muito atingida» e que, neste momento, a situação proporciona «tranquilidade» ao executivo do município, sendo que, naturalmente, manifestou a vontade de que haja continuidade a esse nível.


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