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Clube transforma multas internas em donativos sociais


Quarta, 06 de Maio de 2020

O concelho de Castro Daire continua a ser um dos mais fustigados a nível distrital pela pandemia de covid-19, atingindo 109 casos positivos até ao momento, 74 deles já recuperados.
Tal conjuntura despoletou pelo território várias manifestações solidárias por parte de empresas, particulares, mecenas e grupos criados em redes sociais. Esse espectro alargou-se agora igualmente ao movimento associativo desportivo.
A Associação Cultural, Desportiva e Recreativa de Lamelas, com 43 anos de existência, cuja equipa sénior milita na Divisão de Honra da Associação de Futebol de Viseu, através dos seus jogadores, equipa técnica e dirigentes, entregou, no passado dia 1 de Maio, equipamento de protecção individual a cinco instituições do concelho.
Os capitães do clube, Toni e Marco Xuteiras, procederam à entrega do material no Centro de Dia de Lamelas, no Lar Esperança e Bem-Estar de São Joaninho, na Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire e nos Bombeiros Voluntários de Castro Daire e Farejinhas.
A verba que possibilitou adquirir o equipamento resultou de uma tradição que vigora no clube há vários anos.
“O grupo de trabalho tem um regulamento interno, que prevê multas para quem chegar atrasado aos treinos, levar cartões amarelos e vermelhos nos jogos, não usar caneleiras. Quem não cumprir as regras, tem que colocar o valor correspondente ao castigo numa caixinha”, referiu Alexandre Teles, dirigente do clube.
Quem cobra as multas e se responsabiliza pelo dinheiro são os capitães da equipa, desde o primeiro treino da temporada até ao último jogo. Ao longo dos últimos anos, a verba serviu para uma confraternização de fim-de-semana do grupo de trabalho no final da época, a locais como Figueira da Foz ou Santoinho, em Viana do Castelo. Este ano, o destino seria Vigo, em Espanha.
“Com o final da competição determinado pela pandemia, os jogadores reuniram e chegaram à conclusão que este ano não haveria condições para se fazer esse passeio, optando-se pela sua aplicação na compra de equipamento de protecção individual para doar”, afirmou. Alguns dirigentes e mesmo os jogadores não multados também contribuíram ainda para aumentar a verba.
Alguns jogadores do plantel falaram, em seguida, com o vereador do pelouro do Desporto do município, Pedro Pontes, para aferir das principais necessidades em termos de material, tendo sido informados da falta de batas nas entidades locais que mais de perto lidam com a situação pandémica. “Contactámos uma empresa que produz esse equipamento, que fornece também o Hospital de Viseu, e adquirimos o material para entregarmos”, reiterou.
Alexandre Teles entende que é essencial apoiar todos aqueles que estão na linha da frente no combate ao vírus, porque “tivemos aqui no concelho uma fase muito complicada em termos de casos positivos, mas, agora, felizmente, as coisas estão mais tranquilas”.
O clube terminou a época no 8.º lugar, resultado “de um campeonato razoável e dentro das nossas expectativas, porque estava a ser mais uma prova tranquila para um clube que não queria descer, como é óbvio, mas que também não ambicionava subir”, reconhece o dirigente. “Apesar de já termos o nosso campo sintético, inaugurado este ano, não temos ainda infra-estruturas suficientes para pensarmos noutros voos”, concluiu Alexandre Teles.


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