Andrew Heslop
Director Executivo
WAN-IFRA
O bom jornalismo é feito para tempos como estes. Bons jornalistas garantiram que os nossos líderes continuam a ser responsabilizados, que as suas políticas sejam escrutinadas e as suas promessas vão sendo recordadas à medida que navegamos nos próximos meses num retorno cauteloso ao
optimismo.
Para marcar o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa, devemos celebrar isso, reconhecer os sacrifícios dos profissionais da Comunicação Social que garantem o fluxo diário de informação e esperar que os media independentes possam sobreviver financeiramente para nos ajudar a chegar a tempos melhores.
Durante uma crise, o jornalismo é, sem dúvida, mais vital do que nunca. A pandemia do COVID-19 certamente colocou os media independentes na frente e no centro no fornecimento de informações verificadas, precisas e potencialmente capazes de salvar vidas, particularmente em países onde o Governo fracassou ou a resposta ao COVID-19
foi escassa.
Mas dizer que precisamos agora de jornalismo mais do que nunca é mascarar uma realidade que vale a pena reiterar em voz alta e clara – especialmente quando comemoramos o Dia Mundial da Liberdade de Imprensa. O jornalismo independente é vital, dia após dia, para todos. Estejamos a enfrentar uma catástrofe global ou expondo preocupações locais, o papel do interesse público dos media é essencial para entendermos o mundo e tomarmos decisões.
Neste momento crítico, jornalistas e profissionais dos media precisam do nosso apoio. As medidas tomadas em reacção à pandemia do COVID-19 acentuaram a precariedade financeira da Comunicação Social em todo o mundo, colocando em risco a sobrevivência do jornalismo independente e desafiando a segurança económica dos profissionais desta área.
Resta ver o que sobreviverá da nossa profissão – a profissão como a conhecemos hoje – depois da crise ter passado. O panorama poderá ser muito diferente; a maneira como reunimos, produzimos e consumimos as notícias também. Apesar da turbulência dolorosa e inevitável que isso trará, precisamos abraçar as oportunidades que surgem, as novas maneiras de trabalhar, fazer negócios e o nosso relacionamento com o mundo e as pessoas ao nosso redor.
Mas uma coisa certamente prevalecerá, independentemente de quão diferente, quão difícil o futuro pareça.
A verdadeira alma da nossa profissão, a nossa capacidade de conduzir o jornalismo – sem medo ou favor.|
