Um quilograma de arroz, um litro de leite, um garrafão de água e uma vassoura. Lido assim, de repente, parece uma lista de compras do supermercado. Mas não. São “utensílios” que nestes tempos de isolamento social têm sido muito úteis para quem tem mantido a actividade física em casa. Houve necessidade de adaptação mas com mais ou menos dificuldade, os exercícios vão sendo realizados.
Sandra Sousa é gerente do ginásio My Fit e, por estes dias, tem gravado exercícios e preparado aulas em vídeo para que as sócias se mantenham em actividade mesmo estando obrigadas a estar em casa. «As pessoas têm gostado destas aulas e têm aderido. Sentem que continuam a manter a forma física sem sair de casa». Ao fim de várias semanas o balanço «é positivo» e como tal este tipo de “aula” é para manter com as várias actividades, pilates, cardio, localizada, e outras actividades que habitualmente são realizadas no ginásio e que agora são na casa de cada um. Sandra Sousa considera que para realizar as actividades «basta haver vontade» num tempo em que é pedido para não se sair de casa. As aulas online são outra das apostas, numa altura em que já há plataformas para esse fim. Aliás, tal como sucede no ginásio, à hora marcada lá estão as alunas para realizar os exercícios propostos, sob o olhar atento da professora que intervém para corrigir sempre que é preciso. No caso do My Fit, as aulas que o ginásio disponibiliza “saltaram”, literalmente, do ginásio para a internet e depois para casa de cada uma das alunas. Há o horário que o ginásio disponibiliza e que cada um adapta às suas necessidades.
Ginástica de olhos postos... no computador
Maria Margarida nunca se imaginou a fazer abdominais na sala, agachamentos ou outros exercícios em casa. Quando começou o isolamento social disse às amigas que isso não ia fazer «porque não é a mesma coisa do que no ginásio». Contudo, ao terceiro dia, rendeu-se e de olhos postos no computador começou a fazer as propostas do seu ginásio. Ainda não falhou um dia. «Quando a aula do dia não me agrada vou repetir uma de outro que tenha gostado. Além disso, já faço ginásio há alguns anos e há muitos exercícios de que me lembro».
Claro que sabe que isto das aulas de ginástica «não é a mesma coisa» e está ansiosa que a rotina do ginásio, bem como todas as outras, regressem depressa. «Só quero que tudo fique bem e a normalidade regresse».
Também Rita Marques optou opor esta solução. Combina com as amigas e à mesma hora fazem os exercícios. «Combinamos para sermos a motivação umas das outras. Quando vamos ao ginásio também vamos todas às mesmas aulas. Aqui é quase a mesma coisa», afirmou.
Habituada às aulas ao ar livre e estar sempre rodeada de pessoas, Filipa dos Santos Custódio, professora de educação física e personal trainer está a viver algo novo no que às aulas online diz respeito, embora a uma aluna que esteve em Erasmus tenha dado umas aulas dessa forma. Foi uma experiência única, até agora.
Filipa Custódio colocava uns vídeos nas redes sociais, nos primeiros dias de isolamento, mas acabou por começar a ministrar aulas online. «Além do pequeno retorno financeiro, uma vez que sou trabalhadora independente, voltei a ter as minhas alunas por perto», acrescentou. Agora tem várias aulas por dia, que duram cerca de 45 minutos, e tem a sala transformada «num estúdio».
Ao longo das aulas vai corrigindo as alunas que também olham para estas sessões «como um escape e como uma forma de manter a rotina». São muitas pessoas juntas ao mesmo tempo que não estão em contacto físico mas que «se sentem juntas». No total são, agora, cerca de 50 pessoas que todos os dias “entram” pelo ecrã de Filipa Custódio, o que deixa a professora «mais feliz» ao final de cada dia. Naturalmente, sente saudades das aulas ao ar livre, mas se o tempo é de isolamento, por agora, são em casa.
No final da sessão dedicada ao exercício físico a opinião é unânime: pessoas isoladas e mais felizes, à espera que tudo fique bem.
