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Saúde mental afectada pelo estado de pandemia


Segunda, 20 de Abril de 2020

Sónia Morgado

Medo, angústia e ansiedade são três sintomas que, com maior ou menor intensidade, são a realidade de muitos portugueses, fruto da pandemia, do estado de emergência e do confinamento que, de um momento para o outro, teve um impacto brutal na vida social, familiar e laboral de todos.
Claro que nem todos reagem da mesma forma perante uma situação como esta e por isso, Marta Temido, ministra da Saúde, afirmou ontem na conferência de imprensa diária sobre a situação epidemiológica em Portugal, que «os mais vulneráveis são os mais expostos» a estes sintomas e, neste contexto, o Programa Nacional de Saúde Mental e a Direcção-Geral de Saúde, juntamente com as coordenações regionais da saúde mental, entenderam ser necessário definir respostas em saúde mental no contexto da pandemia Covid-19. Entre as várias medidas ontem apresentadas, Marta Temido referiu a entrada em funcionamento de um site dedicado à área da saúde mental (dentro do micro site covid-19), com divulgação de informação acessível a todos.
E se é verdade que este é um assunto transversal a todos, afectando desde crianças a pessoas de mais idade, os profissionais de saúde «que são de carne e osso, com emoções e famílias como todos nós», não são excepção e é normal que também eles tenham esses sintomas. Por isso, a pensar neles, «foram criados em todos os serviços locais de saúde mental unidades para os receber», explicou Miguel Xavier, director do Programa Nacional de Saúde Mental, ressalvando que já foram atendidos vários profissionais de saúde nestes serviços.
Assim, e para assegurarem «apoio à população geral, com sintomas, doença mental ou profissionais na linha da frente», estão previstas respostas ao nível dos cuidados de saúde primários e também dos hospitais. O especialista refere que sempre que identifiquem uma necessidade de apoio ao nível da saúde mental, os cidadãos devem dirigir-se aos centros de saúde que estarão a trabalhar em articulação com os serviços locais de saúde mental «para encaminhamento de casos que não consigam dar resposta».
Ao nível hospitalar, os responsáveis da saúde olham com especial atenção para a forma como estes utentes são recebidos nos serviços de urgência e a forma como são internados. Miguel Xavier sublinha a «importância dos testes a todos os doentes que têm de ser internados bem como a reorganização de enfermarias, e preocupação de separar circuitos, nomeadamente a criação de unidades Covid-19 para doentes infectados».
Miguel Xavier reconhece que as circunstâncias actuais são propícias a maior problemas de saúde mental mas, esclarece, tal não significa que as pessoas venham a desenvolver doenças mentais. «Problemas de natureza psicológica, como ansiedade, preocupação em relação ao futuro, que se pode traduzir em insónia ou perde de apetite são sentimentos muito comuns que atravessam a sociedade» face à situação actual.


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