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Mariana Pinto: do futsal para a linha da frente da Covid


Segunda, 20 de Abril de 2020

Diogo Caldas, agência Lusa

A médica Mariana Pinto, jogadora de futsal da Académica, trabalha em exclusivo numa área dedicada à Covid-19 na zona de Coimbra e admite que existe um grande desgaste físico e psicológico nesta fase.
«É uma altura de muito desgaste, tanto a nível físico como psicológico, e o distanciamento da família, dos amigos e do futsal torna esta altura difícil ainda mais complicada», conta Mariana Pinto, de 27 anos.
Sem a actividade de toda uma vida, o futsal, onde ainda esta temporada se sagrou tricampeã distrital de futsal feminino da associação de Coimbra, ao serviço da Académica, a médica natural de Chaves, no distrito de Vila Real, explica que os tempos actuais «têm sido bastante cansativos». «Não só pelo trabalho diário, mas também pela preocupação constante com os doentes e muitas vezes com colegas que passam a ficar infectados também», sublinha em declarações à Lusa.
Durante a pandemia de covid-19, Mariana Pinto tem trabalhado em exclusivo numa área dedicada à Covid-19 na zona de Coimbra. O trabalho envolve a observação de doentes que são encaminhados para aquela área, quer por indicação médica ou da linha Saúde24, ou por iniciativa própria.
«Temos de estar completamente equipados segundo as indicações da Direcção-Geral da Saúde, para nos protegeremos o mais possível», explica a médica que estudou na Universidade da Beira Interior, na Covilhã.
Os profissionais de saúde daquela área fazem ainda, por via telefónica, o acompanhamento de doentes suspeitos e confirmados que estão em isolamento no seu domicílio, e que sempre que é necessário são observados fisicamente, acrescenta.
Habituada a um contacto directo com os doentes, quer no centro de saúde, quer no hospital onde trabalha, a futsalista confessa que a necessidade de equipamentos de protecção é ainda uma barreira na comunicação que tem também de ser ultrapassada.
«É muito importante para o doente perceber a sua situação, qual é a sua situação clínica, as perspectivas de tratamento e o seu prognóstico. O tratamento e, consequentemente, o prognóstico torna-se mais fácil se o utente estiver completamente consciente da sua situação e dos cuidados que tem que ter», lembra.
Além das preocupações profissionais, Mariana Pinto tem também que lidar com as pessoais. Radicada em Coimbra, optou por não voltar à sua terra natal, Chaves, onde vivem os pais. «A família está longe e há mais de dois meses que não vou a Chaves, principalmente para os proteger», adianta.
Longe também dos amigos, que espalhados pelo país respeitam as regras do estado de emergência, a atleta assume que os habituais encontros sociais «fazem falta».


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