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Covid-19: Viveiros registam “muita procura” nos produtos hortícolas


Legenda: Hortícolas são os mais vendidos em tempos de quarentena (foto: DR) Segunda, 20 de Abril de 2020

Apesar do impacto provocado pela Covid-19 no sector da floricultura, sobretudo em termos de vendas, encomendas e de restrições implementadas no atendimento ao público, por estes dias os viveiros têm registado “muita procura” ao nível dos produtos hortícolas e das árvores de fruto. A pandemia veio alterar os hábitos de consumo dos leirienses e os produtos mais vendidos nesta altura do ano, como as plantas da época ou as plantas ornamentais, deram lugar aos produtos hortícolas, frutícolas e plantas aromáticas. “Tem havido muita procura ao nível de produtos hortícolas e árvores de fruto. As pessoas, como estão confinadas em casa, precisam de se entreter com algumas actividades e dedicam-se ao jardim e à horta”, afirma Sara Simões, proprietária dos Viveiros Quinta da Gândara, situados na localidade de Gândara dos Olivais.

Realçando que esta é geralmente a “época alta” do sector da floricultura, Sara Simões garante que o negócio “não sentiu muita quebra” face à pandemia de Covid-19.

“No nosso negócio não registámos uma quebra. O que sentimos foi, sim, uma mudança ao nível dos produtos mais vendidos”, acrescenta a empresária.  Para fazer face ao novo coronavírus e mitigar os riscos de contágio, os Viveiros Quinta da Gândara implementaram um novo horário, encontrando-se encerrados ao domingo. Além disso, com o propósito de reduzir o tempo de permanência dos clientes nos viveiros, a empresa está também a garantir um sistema de encomendas e, quando justificado, de entrega ao domicílio. “Os nossos clientes podem fazer-nos uma encomenda por telefone ou e-mail e depois recolhê-la no nosso espaço. Além disso, quando as encomendas o justificam, fazemos entregas ao domicílio através dos CTT”, explica Sara Simões.

“Estamos a vender muitos produtos hortícolas”

Numa altura em que a ‘palavra de ordem’ é ficar em casa e a maior parte da população encontra-se confinada, a jardinagem e a plantação de produtos hortícolas e frutícolas parecem ser mesmo duas das actividades de eleição. Na Ortigarden, em Regueira de Pontes, a tendência que se tem verificado é também um aumento na ven­da de produtos hortícolas. “A maioria das pessoas, como está em casa, tem apostado bastante na plantação de hortas. Aliás, tenho determinados produtos hortícolas que nos últimos tempos estão quase sempre esgotados”, refere o proprietário Dídio Santos..

Apesar do crescimento de vendas de produtos hortícolas, a empresa registou uma quebra de cerca de 20% nos produtos de jardinagem e de 50% nas plantas de interior.  “Nós trabalhamos muito com Espanha, Itália e Holanda e esta pandemia veio provocar um grande impacto no negócio, uma vez que as empresas a quem costumamos encomendar produtos nesses países estiveram com os negócios parados”, explica Dídio Santos, acrescentando estar a começar a “ver alguns sinais positivos”.

“Em Espanha e na Holanda já começaram a trabalhar e a aceitar novamente encomendas. Já se notam alguns progressos, embora lentos”, refere o proprietário da Ortigarden, onde também foram implementadas algumas restrições no atendimento ao público e mudanças no horário de funcionamento.

Por sua vez, nos Viveiros Joaquim Almeida & Batalha, situados na Azoia, o impacto da pandemia foi mais “significativo”. Tanto que, em 20 anos de existência, este é “o pior momento” da empresa. “Gerir o negócio está a ser muito mau. Está tudo parado”, refere o proprietário Joaquim Almeida, que produz e comercializa bacelo não enxertado, bacelo enxertado para vinho e bacelo enxertado para uva de mesa. “Da colheita de este ano vendi 2%. De meio milhão de enxertos, vendi 30 ou 40 mil. É uma grande quebra. A despesa em termos de cultivação está feita e não há vendas”, conclui Joaquim Almeida.


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