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Três quartos dos alunos até ao 9.º ano preferem estudar na escola


Sexta, 17 de Abril de 2020

Mais de 80% dos alunos até aos 16 anos estão preocupados ou muito preocupados com a pandemia da Covid-19. Três quartos confessam que preferem estudar na escola, como faziam antes destas terem encerrado e 61,2% preferiam ter regressado às aulas presenciais logo após as férias da Páscoa. Apesar disto, a grande maioria, dos vários níveis de ensino, tem consciência da importância da manutenção do encerramento das escolas até ao final do ano lectivo, de tal forma que «cerca de 70% considera que se aguenta o tempo que for preciso a ter aulas em casa».
Estes são apenas alguns dados dos resultados parciais do estudo do Impacto da Covid-19 no sistema de ensino português, coordenado por Paulo Peixoto e Rui Gomes, ambos do Centro de Estudos Sociais da Universidade de Coimbra (CES-UC) e Ana Benavente, do Centro de Estudos Interdisciplinares em Educação e Desenvolvimento (CeiED), no âmbito do Observatório de Políticas de Educação, Formação e Ciência, desta vez reflectindo as «percepções e opiniões dos alunos relativamente aos efeitos da pandemia no sistema de ensino».
Os números são o resultado de uma auscultação, através de inquérito realizado a alunos com menos de 16 anos de todo o país, tendo como base 453 respostas recebidas, ficando claro, dos resultados obtidos, não só o conhecimento e a noção que os inquiridos têm em relação à pandemia da Covid-
-19 e seus efeitos, mas também a sua preferência por manterem as aulas presenciais, apesar de encontrarem vantagens no ensino à distância.
«A pandemia é um assunto omnipresente no quotidiano dos alunos. É falado, sobretudo com as pessoas com quem os alunos moram. Quase todos falam da pandemia em casa. Mais de três quartos falam da pandemia com os amigos», pode ler-se na análise abreviada do inquérito, a que o Diário de Coimbra teve acesso, na qual é revelada a preocupação dos jovens com a pandemia, em qualquer nível de ensino.
«Quanto mais elevado é o nível de ensino que os alunos frequentam, mais a pandemia é um assunto que eles falam com os amigos» e «a quase totalidade dos alunos já tinha falado da Covid-19 na escola antes desta ter encerrado», revela ainda o estudo, sublinhando o facto de ser nos alunos do 9.º ano que se verifica uma percentagem mais elevada de jovens preocupados com esta pandemia – acima dos 90% - «porventura devido à realização das provas finais de ciclo» e pelos «eventuais efeitos» que esta pode ter «nas avaliações e na possibilidade de poderem escolher a escola que vão frequentar no ensino secundário».
Sobre o ensino à distância, é clara a preferência dos alunos inquiridos por estudar na escola (três quartos manifestaram essa preferência), sendo a «saudade dos amigos/colegas» a maior «facilidade de aprendizagem» e a «saudade dos professores» os motivos mais invocados para esta preferência. No entanto, de acordo com o estudo, há também vantagens no ensino à distância. «A facilidade de gestão do tempo/ritmo de trabalho», «espaço de trabalho mais confortável» e «evitar a disciplina da escola/sala de aula» foram as mais invocadas.
Aliás, os jovens inquiridos deixaram várias sugestões ao grupo de trabalho responsável por este estudo. Uma delas, transcrita para o relatório, é a possibilidade de haver «para o futuro um sistema misto em que, na mesma semana, pudesse haver dias de um tipo de aulas e dias com outro tipo de aulas».


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