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CEC defende medidas para empresas familiares e para o “pós-corona”


Terça, 14 de Abril de 2020

Margarida Alvarinhas

O presidente do CEC - Conselho Empresarial do Centro não tem ainda números para apresentar, relativamente às empresas da região que já pediram lay-off, mas, pelo contacto que vai mantendo, diz que são muitas. Começando nas grandes empresas que, por sua vez, vão também interferir nas pequenas empresas com as quais trabalham. E é nestas, segundo José Couto, que reside uma das suas grandes preocupações em tempo de pandemia covid-19.
O tecido empresarial da região é composto essencialmente por “pequenas e muito pequenas empresas”, tantas delas com uma estrutura familiar composta por gerente e sócios membros da mesma família que sentem dificuldade em aceder ao lay-off. “Muitas são empresas familiares, em que a família está muito envolvida com a actividade, com gerentes e sócios, em que este instrumento de lay- off não é amigável”, alerta José Couto, falando da “quebra de rendimento significativa” neste tipo de empresa. “Existem muitas empresas” nesta condição, em que “marido, mulher e filhos fazem parte da gestão”, acentua.
Mas além disso, alerta o presidente do CEC, os planos que o estado “arquitectou” para auxiliar as empresas nesta altura da pandemia, em que em tantos casos se registam quebras totais de rendimentos porque muitas empresas, simplesmente, foram obrigadas a fechar, “não estão a chegar a tempo”. “A ideia que alguns empresários nos passam é que têm algumas dificuldades de acesso ao financiamento”, esclarece José Couto, defendendo como urgente que a banca agilize e “trate com maior rapidez este assunto”. “O que é importante é simplificar todo este processo”, defende o responsável do CEC, estrutura que integra 44 associações empresariais do Centro de Portugal, representando mais de 40 mil empresas. Mais, considera, “se a banca tiver instruções claras no sentido de simplificar todos os processos, isso ajudaria muito”.

Medidas pós-covid
No médio prazo, contudo, há também questões a ter em conta e José Couto antevê que a actual injecção de capital nas empresas seja uma solução que para muitas pode ser o balão de oxigénio no curto-prazo mas a asfixia no futuro. Porque, recorda, os empréstimos são para pagar. “O aumento do financiamento vai-lhes aumentar o passivo”, prevê o presidente do CEC que, assim, diz também que muitas empresas “não saberão como pagar esses financiamentos”.
A retoma, por isso, deve ser acompanhada de outras medidas e uma “atitude mais robusta” sob pena de se agravar ainda mais o desemprego na região e de deitar por água abaixo todo o trabalho de “coesão territorial” que se tem conseguido. “É preciso encontrar soluções para o ‘pós-corona’, para que as empresas possam começar a desenvolver a sua actividade”, defende.
José Couto não está contra as medidas já tomadas, pelo contrário, mas “se só se vai pela solução do financiamento, provavelmente teremos outro problema no médio prazo”.

Especial atenção
à área do turismo
Empresas do sector turístico da região, que registaram nos últimos anos crescimento assinalável, merecem especial atenção, diz José Couto, porque esta tipologia não se compara à de outras regiões turísticas do país, como Lisboa ou Algarve, marcadas por cadeias hoteleiras e unidades empresariais de grande dimensão. Aqui o que há, seguindo a tipologia geral da região, são pequenas empresas da área do turismo, muitas delas de cariz familiar que precisam de “soluções mais robustas, adequadas àtipologia que temos”.

Procurar ajuda nas
associações empresariais
O presidente do CEC - Conselho Empresarial do Centro deixa a mensagem às empresas da região para que procurem as associações empresariais da sua área, onde podem encontrar ajuda para aceder aos instrumentos e auxílios que estão a ser prestados pelo Governo para fazer face aos prejuízos causados pela pandemia.
“As associações empresariais podem ajudar, elucidar e dar esclarecimentos”, garante José Couto, explicando ainda que será com base na procura por parte das empresas que melhor o CEC e as associações empresariais vão perceber as dificuldades por que passam as empresas nesta altura.
“Assim podemos aferir a todo o momento quais são as dificuldades para transmitir ao Governo” e, inclusivamente, “pressionar”, afirma José Couto.


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