O presidente do CEC - Conselho Empresarial do Centro não tem ainda números para apresentar, relativamente às empresas da região que já pediram lay-off, mas, pelo contacto que vai mantendo, diz que são muitas. Começando nas grandes empresas que, por sua vez, vão também interferir nas pequenas empresas com as quais trabalham. E é nestas, segundo José Couto, que reside uma das suas grandes preocupações em tempo de pandemia Covid-19.
O tecido empresarial da região é composto essencialmente por «pequenas e muito pequenas empresas», tantas delas com uma estrutura familiar composta por gerente e sócios membros da mesma família que sentem dificuldade em aceder ao lay-off. «Muitas são empresas familiares, em que a família está muito envolvida com a actividade, com gerentes e sócios, em que este instrumento de lay-off não é amigável», alerta José Couto, falando da «quebra de rendimento significativa» neste tipo de empresa. «Existem muitas empresas» nesta condição, em que «marido, mulher e filhos fazem parte da gestão», acentua.
Mas além disso, alerta o presidente do CEC, os planos que o estado «arquitectou» para auxiliar as empresas nesta altura da pandemia, em que em tantos casos se registam quebras totais de rendimentos porque muitas empresas, simplesmente, foram obrigadas a fechar, «não estão a chegar a tempo». «A ideia que alguns empresários nos passam é que têm algumas dificuldades de acesso ao financiamento», esclarece José Couto, defendendo como urgente que a banca agilize e «trate com maior rapidez este assunto». «O que é importante é simplificar todo este processo», defende o responsável do CEC, estrutura que integra 44 associações empresariais do Centro de Portugal, representando mais de 40 mil empresas. Mais, considera, «se a banca tiver instruções claras no sentido de simplificar todos os processos, isso ajudaria muito».
Medidas pós-Covid
No médio prazo, contudo, há também questões a ter em conta e José Couto antevê que a actual injecção de capital nas empresas seja uma solução que para muitas pode ser o balão de oxigénio no curto-prazo mas a asfixia no futuro. Porque, recorda, os empréstimos são para pagar. «O aumento do financiamento vai-lhes aumentar o passivo», prevê o presidente do CEC que, assim, diz também que muitas empresas «não saberão como pagar esses financiamentos».
A retoma, por isso, deve ser acompanhada de outras medidas e uma «atitude mais robusta» sob pena de se agravar ainda mais o desemprego na região e de deitar por água abaixo todo o trabalho de «coesão territorial» que se tem conseguido. «É preciso encontrar soluções para o “pós-corona”, para que as empresas possam começar a desenvolver a sua actividade», defende. José Couto não está contra as medidas já tomadas, pelo contrário, mas «se só se vai pela solução do financiamento, provavelmente teremos outro problema no médio prazo».