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Triplicar testes pode evitar 900 hospitalizações e poupar milhões


Quarta, 25 de Março de 2020

Um grupo de investigadores defendeu ontem que triplicar os testes para a covid-19 poderá evitar mais de 900 hospitalizações, poupar milhões e melhorar a gestão de recursos ao Serviço Nacional de Saúde (SNS).
O estudo foi desenvolvido por um grupo de trabalho multidisciplinar da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) designado COVIDcids e foi especialmente criado para fazer face aos desafios médico-científicos decorrentes da pandemia da covid-19, estando empenhado em “criar novos conhecimentos que apoiem a tomada de decisão em saúde”.
“Elevar a actual taxa de 1.000 testes para uma taxa de 3.000 testes por milhão de habitantes permitirá poupar mais de quatro milhões de euros, só em hospitalizações evitáveis (correspondendo a mais de 900 hospitalizações nos próximos 10 dias), o que se traduzirá em menor pressão para o SNS, mais vidas salvas e menos oportunidades de contágio”, defendem.
No estudo de avaliação económica agora tornado público, os investigadores concluíram que a massificação de testes para o covid-19 é uma “estratégia custo-efectiva, capaz de gerar poupanças diretas na ordem dos milhões de euros em hospitalizações”, refere João Fonseca, director do Departamento de Medicina da Comunidade, Informação e Decisão em Saúde da FMUP.
Em comunicado, explica que, nesta simulação, assumiu-se que pelo menos 7,5% dos testes teriam resultado positivo, uma taxa consideravelmente mais baixa do que a actual, que se se situa nos 15%. Utilizaram-se modelos de análise com dados nacionais do dia 21 de Março, e foram testados vários cenários quanto ao número de testes realizados e à frequência de resultados positivos.
Os resultados corroboram a conclusão de que “se devem aumentar as taxas de testes para se atingir o objectivo de reduzir o número de novas infecções, e subsequentemente de hospitalizações”, sublinha o investigador Bernardo Sousa Pinto.
Segundo este grupo de especialistas, com uma massificação de testes para a covid-19 podem identificar-se os casos infectados mais precocemente, evitar novas infecções e, por conseguinte, hospitalizações.
Aliás, os autores entendem que “os benefícios reais subjacentes à massificação de testes por covid-19 poderão ser ainda maiores do que os estimados, uma vez que, neste estudo, não foram tidas em conta questões ligadas à produtividade e aos custos de oportunidade”.
“O facto de ter mais hospitalizações em doentes com infecção covid-19 leva a que exista competição por recursos de saúde, que, nesta altura, são escassos, deixando de estar disponíveis para doentes com outras patologias. Acrescem previsíveis decréscimos nos custos dos testes com a entrada de novos concorrentes no mercado e com a ação dos reguladores”, considera Francisco Rocha Gonçalves, especialista em Economia da Saúde da FMUP.
Os autores salientam ainda que “os custos não devem ser a única ou sequer a principal variável a pesar nas decisões políticas, no entanto, os resultados para os doentes subjacentes à simulação económica também denotam benefícios de saúde claros”.

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