Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

Covid-19: Ciência matemática aponta para cenário negro no País


imagem: DR / Legenda: Quadro relaciona faixas etárias com infecções e mortalidade de casos verificados no mundo Quarta, 18 de Março de 2020

A mesma lei matemática que permite previsões na meteorologia, por exemplo, pode prever os cenários da pandemia. Os dados conhecidos mostram que a evolução é exponencial, o que não é nada animador. Até ao final do mês, no dia 31 de Março, Portugal poderá estar com 13.695 casos (considerando medidas de mitigação) ou mais de 40 mil, no pior cenário.
As previsões são do matemático Jorge Buescu, publicadas no jornal online Observador. As previsões - repita-se -, são científicas, não são adivinhações. Seguem, sim, leis matemáticas aplicadas no caso à epidemiologia, atendendo a diferentes variantes, como sejam, entre outras, o número de pessoas susceptíveis de infecção, o número de infectados e o de recuperados.
No artigo, Jorge Buescu analisa o que se está a passar na Europa, em que o surto, alerta, deverá ter efeitos mais graves do que em Whuan (China), numa dedução a partir da análise demográfica (o Covid-19 ataca mais as faixas etárias a partir dos 40 anos - 57% da população europeia tem mais de 40 anos, enquanto a da região de Wuham tem 60% abaixo dos 39 anos).
“A fase inicial da propagação é de crescimento exponencial, até que surge um momento de abrandamento – em termos matemáticos chamado ponto de inflexão – em que o crescimento abranda, sinalizando a existência de um pico no horizonte”, escreve Jorge Buescu. Só que, assinala, “neste momento ninguém sabe, nesta fase europeia, onde se situa o pico: não há dados para o afirmar. Não há ponto de inflexão à vista”.
A taxa de crescimento diária em Itália foi de 21%, na Alemanha de 23%, na França de 30%. Em Espanha situa-se nos 39%. “Há uma semana Espanha tinha um atraso em relação a Itália semelhante ao de França e da Alemanha, entre 9 e 10 dias. Infelizmente não quis ver os sinais, esteve em negação e não tomou medidas a tempo. A exponencial não perdoa: com uma taxa de 39% já avançou em direcção ao abismo e neste momento está apenas a 7-8 dias de Itália, enquanto Alemanha e França estão, como foi referido, a 8-9 dias”, compara Jorge Buescu.
Na extensa e pormenorizada análise, o matemático acaba por registar a sorte de o coronavírus ter chegado a Portugal com um atraso grande em relação a outros países e por lamentar/criticar que medidas tomadas por outros países não estejam já activas em Portugal. “É preciso agir já”, adverte Jorge Buescu, sugerindo o encerramento de fronteiras com Espanha (entretanto decidido pelo Governo), e “o lockdown imediato do país, à italiana”. Chame-se “emergência ou estado de sítio”, é preciso “isolamento social completo e limitações drásticas à circulação de pessoas”, afirma, ressalvando o acesso a bens essenciais.
Sugere também o reforço urgente dos serviços de saúde, com um gabinete de crise que identifique o que faz falta nesta emergência, “com compras imediatas, sem visto das Finanças, sem concursos, sem cativações, sem esperas”.
“A situação em Portugal vai piorar muito antes de começar a melhorar”. Mas, acrescenta Jorge Buescu, “para melhorar temos de agir e cada dia que passa sem nada fazermos é um dia, dentro de duas semanas, com mais mortos desnecessários”.|


Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu