Sem saber, telefonámos-lhe no próprio dia de anos. Mais tarde, quando nos recebeu em casa, confidenciou que o nosso contacto foi como uma prenda e que melhor só um emprego. Outra prenda foi uma caixa para computador, que logo na madrugada seguinte começou a montar, integrando-lhe a placa gráfica do antigo que já tinha. “Fanático” do Benfica, só o clube lhe falhou no dia de aniversário, perdendo em Frankfurt e saindo da Liga Europa. Rui Jesus tem 28 anos e cegou com apenas sete, devido a um glaucoma congénito. A sua vida é feita de desafios diários, mas nunca lhes vira as costas e, «por um caminho ou por outro» tenta destacar-se, fazer os outros perceber as suas capacidades. «Mostrar que as pessoas cegas são capazes de fazer mais do que os outros pensam», diz.E porque é essa que agora mais o entusiasma, vamos deter-nos na capacidade de arranjar as máquinas sem as quais passamos hoje: os computadores. Só mesmo assistindo podemos acreditar que, tacteando, Rui consegue abrir, montar e desmontar peças, ajustar o que está estragado. É nisso que ocupa grande parte do seu tempo, por enquanto apenas para arranjar coisas de familiares e amigos. É algo que sabe e que lhe dá prazer fazer.
Leia a notícia completa na edição em papel.