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“O ‘Branco’ é a minha recusa em deixar a minha música envelhecer”


Adérito Esteves (texto) e Joana Linda (foto) Quarta, 21 de Fevereiro de 2018
“Não tenho luz na passada/ A lua minguou pra mim/ Diz-se nova, mas vejo-a apagada/ No escuro não há cores/ Vai ser sempre assim”. Não tem de ser sempre assim. E Cristina Bran­co sabe-o, apesar de serem estas as palavras que abrem o seu novo disco, que será lançado na próxima sexta-feira. “Branco” apresenta Cristina como uma paleta colorida. Mesmo sem luz na passada, a artista sabe qual o caminho que quer seguir. E antes que pergunte, este novo caminho não traz fado. Apenas alguns rabiscos, talvez. Mas Cristina Branco diz que o fado a acompanha sempre, mesmo quando ela não o canta. E se o disco já tinha deixado claro que há mais vida(s) em Cristina Bran­co – uma transição que até já se anunciava em “Menina”, de 2016 –, a conversa que manteve com o nosso jornal, dissipou todas as dúvidas. E não há drama algum no que aqui se afirma. Há, aliás, uma felicidade óbvia – uma leveza, talvez – em cada palavra de Cristina Branco. Há até, uma paixão quase adolescente que se sente com borboletas na barriga no tema “Namora comigo”. A cantora mostra estar apaixonada por esta nova pele e afirma, de forma peremptória, que “hoje, mais do que alguma vez”, sente-se “completamente livre” e “dona da sua música”. Ela, que conta com a colaboração “de-ter-mi-nan-te” – assim mesmo, para não haver dúvidas – de Luís Figueiredo, pianista formado na Universidade de Aveiro – responsável, por exemplo, pelos arranjos de “Amar pelos dois”, a música da nossa contentação “Eurovisiva” –, fala dos compositores que escolheu, como uns “miúdos”, com quem aprendeu a simplicidade e espontaneidade que diz que ela e a sua geração talvez nunca tenham tido. E tem lá nomes como Luís Severo, Filipe Sambado, o também aveirense Jorge Cruz, mas também uns talvez menos prováveis Kalaf Epalanga ou Toty Sa’Med. Mas tudo faz sentido, porque a música de Cristina Branco não tem barreiras. Nem o seu discurso, aliás. Esta sexta-feira, no dia em que o novo disco chega às lojas, Cristina Branco actua, a partir das 21.30 horas, na Casa da Cultura de Ílhavo. Antes disso, porém, apresentou esta nova versão de si ao nosso jornal. Diário de Aveiro: Diz que “Branco” é o disco em que pro­mete livrar-se “de qualquer preconceito”. O que quer isso dizer? Cristina Branco: Significa que quero livrar-me do preconceito com a música, mas não só. Com tudo, na verdade. Não sou preconceituosa e, se houvesse alguma réstia de dúvida, acho que se desfez neste disco. No fundo, é uma maneira mais drástica de dizer que a minha música não tem barreiras. E se ela passa do fado para outro gé­nero de música, isso será sempre bem recebido por mim. E as coisas misturam-se com muita facilidade. Acho que é tempo de me livrar da carga que estava a mais em mim. E esta carga também eram, com certeza, preconceitos. E se os tinha, eles desapareceram.
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