Começamos esta notícia com um pequeno (grande) desafio: feche os olhos e imagine que é cego, ou tem deficiência na visão, e pretende ir almoçar ou jantar a um restaurante. Acha que conseguiria, à primeira, ouvir e reter todos os pratos disponíveis no menu e respectivo valor? Difícil, não? É esta a realidade vivida diariamente por Carlos Pereira e a esposa Elisabete Soares, residentes na cidade de Aveiro. Ele com 34 anos e cego desde nascença, ela com 36, com cegueira causada por meningite que teve aos oito anos.
Apesar de conseguir desempenhar as tarefas diárias com “relativa facilidade”, tal como passear na rua, cozinhar ou realizar os afazeres domésticos, o casal sentia algumas dificuldades na hora de ir a um restaurante. “Temos que esperar, à porta, que alguém nos indique a mesa e depois ouvir atentamente a leitura do menu e os seus preços”, conta Elisabete.
Em Aveiro, há um restaurante que veio diminuir, em parte, essas dificuldades, com a apresentação de um menu escrito em braille. “Geralmente, em todos os restaurantes onde vamos, especialmente o Galetos Dourados, somos bem recebidos e quem nos atende é muito prestável e tem a paciência para nos ler a ementa e repetir as vezes que forem necessárias”, afirma Carlos Pereira. No entanto, esta é uma situação que, como desabafam, se torna constrangedora. “A minha esposa é que gosta de perguntar preços, eu gosto de perguntar pela qualidade. O preço é acessório, se bem que pode ‘doer’ um pouco na hora de pagar”, acrescenta Carlos, em tom de brincadeira.
Agora, com o menu em braille, sentem-se mais “independentes e autónomos”, como “qualquer outro cliente” a quem é entregue o menu. “Podemos ler e reler os pratos disponíveis, o seu preço, e debater entre nós o que iremos comer, com toda a privacidade”, afiança Elisabete.
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