A aterragem do Papa Francisco na Base Aérea de Monte Real transformou aquela infra-estrutura militar num local de romaria. As centenas de pessoas que esperavam no exterior da base não tiveram a oportunidade de contactar com Sua Santidade
A Base Aérea N.º 5 de Monte Real transformou-se hoje numa ‘espécie’ de aeroporto civil, com algumas centenas de pessoas no exterior e no interior da base militar a aguardarem pelo avião da Alitalia que transportou o Papa Francisco e a sua comitiva, que aterrou em solo português às 16h10, escoltado por dois aviões F-16, e sob fortes medidas de segurança.
As movimentações no exterior da BA5 começaram logo ao início da tarde, com dezenas de viaturas a circularem em direcção àquela infra-estrutura militar, na tentativa de verem o Papa Francisco. Uma deslocação em vão, uma vez que quem estava no exterior junto à vedação não teve a oportunidade de avistar Sua Santidade, devido às fortes medidas de segurança. Mas houve ainda quem tivesse subido a árvores na tentativa de avistar o Papa Francisco, mas até essas tentativas não resultaram, uma vez que a recepção ocorreu no interior da base. A única oportunidade que os populares tiveram foi a de avistar o avião, ainda no ar, antes de se fazer à pista.
Mas à medida que se aproximava a hora de aterragem do avião que transportou o Papa Francisco, um misto de nervosismo e de entusiasmo apoderou-se das centenas de pessoas que aguardavam pelo momento. A aterragem da aeronave da Alitalia ocorreu mais ou menos dentro do previsto, não deixando de causar alguma ansiedade.
Cerca de mil pessoas, entre familiares e acompanhantes de personalidades do Governo e do Presidente da República, esperaram junto ao corredor entre o enfiamento da base onde estacionou o Airbus 321 da Alitalia e o acesso à Capela de Nossa Senhora do Ar, local onde o Papa Francisco rezou durante alguns minutos e contactou com alguns fiéis que se encontravam no interior do (pequeno) templo. Minutos antes, o Sumo Pontífice esteve na tribuna instalada em frente à Torre de Controlo da BA5, acompanhado pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo primeiro-ministro, António Costa, pelo presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e as mais altas figuras militares, para ouvir os hinos do Vaticano e de Portugal.
Poucos minutos depois, sempre acompanhado por Marcelo Rebelo de Sousa – que recebei o Papa à saída do avião -, dirigiu-se para um veículo eléctrico, que transportou o chefe da igreja em direcção à Capela de Nossa Senhora do Ar, local onde rezou durante alguns minutos. Durante o percurso, em ritmo lento, Francisco recebeu flores, beijou crianças e bebés que as pessoas lhe iam colocavam no caminho, e abandonou mesmo a viatura para cumprimentar uma mulher idosa de cadeira de rodas. O Papa demorou mais tempo a cumprimentar crianças, algumas das quais com necessidades especiais, filhas de militares, que beijou e tocou nas faces com as suas mãos. Deteve-se a falar com um grupo de crianças que lhe pediram um autógrafo no livro 'Querido Papa Francisco'.
O Papa deu somente alguns passos num tapete formado por flores preparado para a sua passagem à entrada da Capela de Nossa Senhora do Ar, junto da qual cantava o Coro dos Cadetes da Academia da Força Aérea. Após a oração, Francisco percorreu, novamente, num carro eléctrico, o percurso inverso em direcção à pista, onde estavam estacionados três helicópteros, que transportaram as comitivas de Sua Santidade e do Presidente da República até ao Santuário de Fátima, onde aterrou às 18h17 no Estádio Municipal de Fátima.
Recepção pelas três mais altas entidades do Estado
O Papa Francisco foi recebido, na BA5 pelo Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, pelo presidente da Assembleia da República, ferro Rodrigues, e primeiro-ministro, António Costa, à chegada a Portugal para a visita apostólica a Fátima.
Antes de Jorge Bergoglio descer do avião da Alitalia em que viajou desde Roma, subiram a bordo o núncio apostólico em Portugal, Rino Passigato, e o chefe do protocolo do Estado, embaixador António Almeida Lima. Depois, Marcelo Rebelo de Sousa recebeu o líder da Igreja Católica à saída do avião, na pista da Base Aérea de Monte Real, cumprimentando-o de forma calorosa. De seguida, o Presidente da República e o Papa Francisco caminharam por uma passadeira vermelha, com alas militares de cortesia, compostas por uma dúzia de cadetes/alunos da Academia da Força Aérea.
Os dois - Marcelo e Francisco - seguiram lado a lado, à conversa, e, já na tribuna com as delegações, o Presidente da República guiou o Papa pelo braço, encaminhando-o para o ponto onde deviam posicionar-se para ouvir o hino pontifício e o hino português, interpretados pela banda da Força Aérea.
Tocados os hinos, o Papa Francisco e Marcelo Rebelo de Sousa cumprimentaram a delegação portuguesa presente em Monte Real, que além do presidente da Assembleia da República e dos membros do Governo incluía ainda o embaixador de Portugal junto da Santa Sé, António Almeida Ribeiro, e o chefe do Estado-Maior da Força Aérea, general Manuel Teixeira Rolo.
De seguida, cumprimentaram os representantes da Igreja Católica, entre eles, o cardeal patriarca de Lisboa e presidente da Conferência Episcopal Portuguesa, Manuel Clemente, e o bispo de Leiria-Fátima, António Marto, que o Papa cumprimentou de forma mais efusiva, com um abraço.
Nesta cerimónia de recepção, o Papa Francisco recebeu honras militares prestadas por um batalhão conjunto de alunos das academias da Força Aérea, da Marinha, do Exército e da Guarda Nacional Republicana (GNR), com cerca de 120 cadetes.
Na tribuna estavam também o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, bem como os ministros dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, da Defesa Nacional, José Azeredo Lopes, e Adjunto, Eduardo Cabrita, e respectivas mulheres.
Papa reuniu dez minutos com Marcelo
O Papa Francisco e o Presidente da República reuniram-se a sós durante cerca de 10 minutos na Base Aérea de Monte Real. Nem o Sumo Pontífice nem Marcelo prestaram declarações à comunicação social após a reunião, que decorreu numa sala do edifício da Torre de Controlo da Base Aérea de Monte Real, local onde decorrerem os encontros institucionais com Sua Santidade.
No final do encontro, o presidente da Assembleia da República, Eduardo Ferro Rodrigues, e o primeiro-ministro, António Costa, entraram também na sala para uma troca de cumprimentos com o líder da Igreja Católica.
Durante a hora e vinte minutos que esteve na BA5 – o avião aterrou às 16h10 e o helicóptero que transportou o Papa para Fátima descolou da base às 17h27 -, o chefe da Igreja cumprimentou os familiares dos militares e recebeu um quadro pintado com a Capela de Nossa Senhora do Ar, uma oferta do comando daquela infra-estrutura militar.
Por sua vez, o primeiro-ministro, António Costa, ofereceu ao Papa um relicário em prata com uma imagem de Santo António.