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José Duarte: um a vida para o jazz que inclui até uma “sessão pornográfica” com dedo da PIDE


Adérito Esteves Terça, 21 de Fevereiro de 2017
José Duarte é uma espécie de enciclopédia viva do jazz e, incontestavelmente um dos seus mai­ores divulgadores. A principal prova disso é que, hoje, faz 51 anos que um jovem de 28 anos de nome José Duarte iniciou o programa de rádio “Cinco minutos de jazz”. Não, não é gralha: são cin-quen-ta-e-um-anos do que é hoje o programa mais antigo da rádio nacional. Depois de ter visto a luz do éter na Renascença, passou para a Comercial - depois de um interregno entre 1975 e 1984 -, fazendo parte da grelha da Antena 1 desde 1993. E no dia em que encerra as comemorações de meio século do programa, José Duarte vai estar na Universidade de Aveiro (UA), fiel depositária do seu espólio histórico, e onde deu aulas na primeira cadeira de jazz de uma universidade portuguesa. Vai ser um dia cheio de jazz “em que não se paga nada pela conferência (18 horas), nem para a exposição (21), ou para ir ao concerto (21.30)”, anuncia o nosso interlocutor, numa animada conversa por telefone. Arriscamos dizer que José Duarte “vai estar” na UA, mas... “Vou estar, se não acontecer nenhum desastre com o comboio”, adverte-nos, um assumi­do hipocondríaco. Mas como até foi essa “neurose pelas doenças” que esteve na origem da ligação à UA, há-de correr bem. Ainda assim, combinamos falar com ele antes da vinda a Aveiro. José Duarte acede, mas faz-nos um pedido envolvido num sorriso - e num piscar de olho, acreditamos: “ligue de manhã, mas assim ‘late in the morning’”. Faz sentido, afinal vamos falar da “música da noite” e ela tem mau acordar, parece. Diário de Aveiro: Deixe-nos aproveitar a boleia de uma pergunta que diz ainda haver taxistas que lhe fazem: José Duarte, como vai o jazz? José Duarte: O jazz em Portugal vai ilusoriamente bem. Tem falso sucesso. O público vai ver os concertos sem saber o que vai ouvir. E isto acontece porque os músicos são muitos, não estão organizados e tocam todos parecido uns com os outros. Há alguns a copiarem o [Charlie] Parker. A copiar, isto é, ninguém consegue copiar um génio, mas tocam à maneira dele. De resto, não há apoio para a divulgação. Há o “Cinco minutos de jazz”, uns espaços na Antena 2 e há um programa no Norte, o “Sabores do jazz”. Na televisão não há nada. Zero. Há grupos de rock que não tocam aquilo é para mim música. Os conservatórios não ligam ao jazz e só há um clube, em Lisboa. Parece-me espectacular a diferença entre o jazz nos tempos da ditadura – em que não havia – e o jazz hoje. Mas isso é porque quando se dá um pão seco a quem tem fome, ele fica todo contente.
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