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Furriéis de Cacia participaram no 25 de Abril


Texto de Alberto Oliveira e Silva e foto de Paulo Ramos Quinta, 25 de Abril de 2024

«Tínhamos uma noção do momento histórico que estávamos a viver». Porfírio Ramos era furriel - posto da classe de sargentos - no Regimento de Infantaria (RI) 10 de Aveiro quando, na madrugada de 25 de Abril de 1974, fez parte da força que a­vançou em apoio do Movimen­to dos Capitães que iria derrubar o regime do Estado Novo.
Ao Diário de Aveiro, deu con­ta de que oficiais e sargentos previam «o que ia acontecer», com nota de que após as canções senha - “E depois do adeus” e “Grândola” - houve ordens para formar e que «os soldados foram equipados, foram-lhe distribuídas munições» e entraram nas viaturas de transporte.
Jorge Afonso, furriel de Cacia, como Porfírio Ramos, também estava no RI 10 e contextualizou a situação, salientando que, «uns oito a 15 dias antes», tinha chegado à unidade aveirense «um capitão vindo dos Comandos de Lamego». Assinalou que o capitão Pizarro veio com o pre­texto de «dar aulas de quadros», ou seja, de assumir ações de formação dirigidas a furriéis e aspirantes.
Enfatizou que o propósito desse graduado era outro: «Tomar conta da situação» e preparar a participação do Regimento de Infantaria no 25 de Abril. «Logo no dia 24, deu-nos umas dicas, dizendo que, nas próximas horas, íamos enfrentar uma situação muito importante», declarou.
Testemunhou que, na noite de 24 de abril de 1974, o capitão Pizarro assumiu o comando «da companhia mais operacional» do Regimento de Infantaria, que era a Companhia de Caçadores, onde estava integrado o furriel Porfírio Ramos.
«E fomos para sul», recordou Porfírio Ramos, informando que «a primeira paragem» da força saída de Aveiro «foi no Regimento de Artilharia Pesada (RAP 3) da Figueira da Foz», onde estava Dinis de Almeida, representante do Movimento dos Capitães na região Centro.
O então furriel aveirense dis­se ter assistido à detenção do comandante do RAP 3, bem co­mo à tomada do paiol de armas e munições dessa unidade, a man­do de Dinis de Almeida. «Le­vámos armas ligeiras e uma bateria de armas pesadas», acentuou.
A coluna passou, depois, pelas Caldas da Rainha, sem qualquer «ocorrência» significativa, e seguiu para Peniche, cujo for­te albergava «forças fiéis ao regime, que não queriam aderir ao movimento». As negociações para a rendição não foram conclusivas e «uma bateria de canhões» foi apontada ao forte.

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