Há profissões que não têm descanso, mesmo em dias de reunião familiar, como é o Natal, ou de festa mais alargada, como é o caso do Ano Novo, algumas das datas mais importantes do nosso calendário. Há profissionais que não podem parar nestes dias. Médicos e enfermeiros são os que nos vêm logo à memória entre os que não descansam nestes dias festivos. Mas não são os únicos. Esquecemo-nos que, para um doente chegar até um hospital onde vai receber assistência médica, é preciso haver alguém no anonimato de um plantão prolongado à espera de uma chamada. São os Técnicos Operacionais de Emergência Pré-Hospitalar que operam as ambulâncias do INEM - Instituto Nacional de Emergência Médica de Portugal.
Por norma, quem esteve de serviço na noite de 24 para 25 de dezembro não trabalha na noite de fim-de-ano e não fará a noite de Natal do ano seguinte, devido à rotatividade natural de trabalhadores neste tipo de profissões.
Bombeiro há quase 30 anos e há 14 no INEM, António Abrantes tem dedicado grande parte da sua vida a dar de si aos outros. É Técnico Operacional de Emergência Pré-hospitalar na ambulância do INEM do Hospital Dr. Francisco Zagalo, em Ovar, e vai estar de serviço na noite do “Revéillon”. «Ao fim de tantos anos a fazer isto, é só mais uma noite», desdramatiza. «Já não faço distinção entre essa noite e as outras»”. António Abrantes pede apenas que «não apareça nada de muito complicado, mas sei que é sempre uma noite mais trabalhosa».
Qual é então a receita para passar uma noite destas a trabalhar quando outros se divertem? «A receita é manter o foco», atira logo. Embora resida perto, o técnico não acha que seja «bom a família vir cá dar um abraço ou um beijo, porque é muito incerto e é muito provável que tenhamos saído para uma ocorrência».
