A aveirense Ana França só tem 35 anos, mas conta já com uma experiência assinalável no jornalismo internacional. Foi durante quatro anos correspondente do Expresso em Londres, visitou os campos de refugiados sírios no Líbano e esteve em Lampedusa no dia que marcou meia década desde que 368 pessoas se afogaram a menos de dois quilómetros da costa italiana. Nunca tinha estado, porém, num cenário de guerra. Até que, no início de 2022, foi enviada para a Ucrânia, pouco depois de eclodir o conflito entre este país e a Rússia. Da experiência em solo ucraniano nasceu um livro, “Ali está o Taras Shevchenko com um tiro na cabeça: diário da Ucrânia”, lançado em fevereiro, em que Ana França relata, em 256 páginas, os episódios que viveu enquanto testemunha privilegiada de uma guerra em pleno curso.
Ao telefone a partir de Lisboa, onde mora, diz ao Diário de Aveiro que estava de férias em Itália quando, a 23 de fevereiro de 2022, um dia antes do início da guerra, recebeu uma chamada da redação do Expresso desafiando-a a partir para a Ucrânia. Ana França, que já acompanhava a anterior tensão entre russos e ucranianos, não hesitou. «Não houve nenhuma guerra que pudesse cobrir no meu tempo de jornalista, por isso queria ir», conta.
