O relatório final da Comissão Independente para o Estudo dos Abusos Sexuais de Crianças na Igreja Católica tem 486 páginas e nelas constam várias referências a Aveiro.
A equipa validou 512 dos 564 testemunhos recebidos, apontando, por extrapolação, para um número mínimo de vítimas na ordem das 4.815. De acordo com os depoimentos que chegaram à comissão, concluiu-se que as situações de abuso ocorreram em todos os distritos do território nacional, incluindo as regiões autónomas dos Açores e da Madeira.
O distrito de Lisboa concentra o maior número de casos (120). Seguem-se os distritos do Porto (64 casos), Braga (55 casos) e Santarém (26 casos). Logo depois surge Aveiro, com 24 casos.
O relatório assinala ainda que as vítimas residentes em território nacional estão atualmente dispersas um pouco por todo o espaço geográfico português, existindo casos em todos os distritos e regiões autónomas, com exceção de Portalegre. No entanto, a maioria das pessoas reside em distritos do litoral oeste, com destaque para Lisboa (148 casos), Porto (64 casos) e Braga (43 casos). Seguem-se os distritos de Setúbal (30 casos), Leiria (23 casos) e Aveiro (21 casos).
«Perdão pelo sofrimento»
O bispo de Aveiro foi entrevistado pela comissão independente a 16 de Março de 2022. Ouvido ontem pelo Diário de Aveiro, D. António Moiteiro lamentou os abusos, encarados como «um mal terrível, que nunca deviam ter acontecido». «Em nome pessoal e da diocese, peço perdão pelo sofrimento que infligimos às vítimas», disse.
O prelado nota que nesta fase não tem conhecimento de quem são os abusadores, nem se algum exerce na diocese de Aveiro - essas informações deverão ser comunicadas daqui a algum tempo. No caso de haver padres em funções, a própria diocese poderá fazer participações ao Ministério Público e desencadear procedimentos internos, cujos resultados serão encaminhados para o Vaticano, para a Congregação para a Doutrina da Fé, explicou.
