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Demolição da Vivenda Aleluia: «Apelo à capacidade de mobilização dos aveirenses»


Terça, 06 de Setembro de 2022

Entrevista

Maria João Fernandes pôs-se em campo para tentar evitar a demolição da Vivenda Aleluia, em Aveiro. «É absolutamente imprescindível que os aveirenses tomem partido», diz.

Como investigadora e crítica de arte, e também como bisneta do arquiteto Francisco Augusto da Silva Rocha (1864-1957), um nome maior da Arte Nova em Portugal, Maria João Fernandes recusa assistir sem reação à anunciada demolição da chamada Vivenda Aleluia, na Avenida Dr. Lourenço Peixinho, em Aveiro, onde funciona a sede regional do PCP. Em entrevista ao Diário de Aveiro, alerta que pode estar em causa «um verdadeiro crime de lesa património». E por isso apela aos comunistas, à câmara e à tutela para que o processo seja travado

Diário de Aveiro: Foi anunciada a demolição da Vivenda Aleluia, que diz ser da autoria de Silva Rocha. O que pensa a este respeito?
Maria João Fernandes: Bato-me desde 1996 pelo património artístico e arquitetónico da cidade de Aveiro, considerada por um especialista como José-Augusto França a capital da Arte Nova em Portugal pela obra do seu principal autor, Francisco Augusto da Silva Rocha, meu bisavô. Graças a essa luta, a que se associaram nessa altura num já histórico abaixo-assinado algumas das maiores personalidades de Portugal, entre as quais o antigo Presidente da República Jorge Sampaio, Mário Soares, Júlio Pomar, Agustina Bessa-Luís, Siza Vieira e Eduardo Lourenço, entre muitos outros, foram preservados e recuperados alguns dos mais emblemáticos edifícios do centro histórico Arte Nova de Aveiro: a Capitania, ex-libris da cidade, cuja destruição chegou a estar decidida, o que é hoje o Museu de Arte Nova, a antiga casa de Mário Pessoa, e a que foi residência de Silva Rocha na Rua do Carmo N.º 12.
Siza Vieira afirmou na altura: «A obra de qualidade ímpar do arquiteto aveirense Francisco da Silva Rocha está a ser destruída, numa época em que isso já não é desculpável, nem pela ignorância». Essas palavras, incompreensivelmente, e infelizmente, ganham hoje a maior atualidade. Depois desta luta de quase três décadas e quando a cidade de Aveiro consta nos roteiros culturais da Europa como uma das capitais europeias da Arte Nova. Estão ameaçados de adulteração ou de demolição dois dos edifícios mais belos e emblemáticos de Silva Rocha, verdadeiros sobreviventes na Avenida Dr. Lourenço Peixinho de um passado artístico glorioso e cuja classificação há muito deveria ter sido uma opção da câmara de Aveiro. Uma classificação que foi por mim pedida ao IPPAR [Instituto Português do Património Arquitetónico, entretanto extinto] a 6 de agosto de 1998. A Vivenda Lígia, aliás, está já escorada para ao que parece servir de suporte a um prédio de seis andares. A antiga casa da família Aleluia está a ser despejada para que possa consumar-se aquilo que a concretizar-se seria um verdadeiro crime de lesa património.

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