O acesso aos antigos estaleiros navais da Ria Marine é feito por uma estrada de terra batida irregular e cheia de buracos que, quando o Diário de Aveiro os visitou, há uns dias, estavam por sua vez cheios de água até às bordas devido à chuva do Inverno. Num pequeno edifício meio em ruínas pertencente ao complexo lê-se Ria Marine, em letras que o tempo vai tratando de apagar lentamente, mas ainda perceptíveis. É um dos últimos vestígios, juntamente com o edificado ainda de pé, de uma empresa de construção e reparação naval que entrou nas bocas do mundo com a recuperação da histórica fragata D. Fernando II e Glória, já lá vão mais de duas décadas – mas que entretanto fechou portas, vencida por uma crise qualquer.
Os enormes pavilhões estiveram longos anos ao abandono, desde o fim da Ria Marine, lá para 2010. Quem lá for hoje encontra um espaço vazio transformado numa grande galeria de arte urbana – o que mais chama a atenção, para além da própria amplitude do local, outrora ocupado pela azáfama de barcos a serem construídos ou reparados, são os inúmeros grafitis que ornamentam a quase totalidade das paredes do empreendimento. Os desenhos fornecem um ambiente colorido a um local onde se respira um ar de decadência industrial.