Ana Abrunhosa confirma o “olhar especial” do Ministério da Coesão Territorial para o interior, sem roubar atenção a “problemas gravíssimos” das grandes cidades. À espera do Fundo de Recuperação, a ministra defende um equilíbrio entre o que a Europa quer e o que o país precisa na gestão dos milhões prometidos para atenuar efeitos da pandemia
Diário de Coimbra - Assumiu um novo ministério e menos de meio ano depois, o país enfrenta uma pandemia. Em que medida é que veio alterar a sua estratégia?
Ana Abrunhosa - Na verdade, a pandemia deu ainda mais importância aos nossos objectivos. Coesão territorial significa desenvolvimento equilibrado do país, com olhar muito especial sobre o interior, mas também sobre os centros urbanos e a sua ligação com a envolvente. A pandemia fez sobressair atributos de territórios menos densamente povoados, mas muito mais seguros, e sublinhar problemas das grandes metrópoles. Portanto, este ministério mantém a sua missão: um olhar sobre a política de desenvolvimento urbano e sobre as questões do interior. Claro que nos adaptámos às necessidades da pandemia. Abrimos avisos para empresas e centros de investigação se adaptarem e fornecerem o que não tínhamos: máscaras, batas, viseiras, materiais de protecção. Para isso, reprogramamos o Portugal 2020, reorientando verbas para as empresas ajudarem a enfrentar a pandemia, o que permitiu a muitas empresas estarem em produção, em vez de em lay-off. Graças a ela, produzimos, pela primeira vez, zaragatoas, que importávamos, ou desenvolvemos um ventilador com componentes portugueses.