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É fundamental manter as dádivas de sangue.... apesar do coronavírus


Ana Margalho Quinta, 26 de Março de 2020

A pandemia de Covid-19 está a contribuir para a redução das reservas de sangue na região Centro. Para os responsáveis não há ainda «razão para alarmismos», mas sim «para preocupação», tendo em que conta que, apesar de ter sido substancialmente reduzida a actividade cirúrgica, o facto de terem sido canceladas as colheitas de sangue no exterior está a contribuir para uma redução «enorme» do número de dádivas que, para já, não está a ser compensada com a presença de dadores nos postos fixos.

«Estamos a falar numa redução de 60%», confirmou ao Diário de Coimbra Jorge Tomaz, director do Serviço de Sangue e Medicina Tranfusional do CHUC, confessando que, apesar de ser «considerável», mesmo nesta altura, o número de dadores que acorre às instalações provisórias das colheitas - no Centro de Simulação Biomédica, no Bloco de Celas dos Hospitais da Universidade de Coimbra (HUC) - a verdade é que também aqui a afluência é menor, o que deixa antever um futuro «preocupante», se os cidadãos não tomarem consciência da importância de manterem as dádivas.

«Seria irracional se dissesse que não estou preocupado. Há um quadro de incerteza quanto à forma como esta pandemia vai evoluir, que nos faz pensar na forma como irá afectar o serviço», explicou o responsável, recordando que, apesar da redução das cirurgias programadas, «há duas maternidades, um Hospital Pediátrico, doentes oncológicos ou até doentes Covid que poderão necessitar de uma transfusão e o sangue e seus componentes têm de existir».

A transferência do centro de colheitas para fora do edifício dos HUC serviu para dar aos dadores a segurança de que estavam «fora do perigo de contágio», mas antes da colheita há, explicou Jorge Tomaz, vários procedimentos que são cumpridos e que garantem toda a segurança... para quem doa sangue e para quem o recebe. Apesar de, como garantiu o responsável, «não existir qualquer evidência científica de que o novo coronavírus se transmita através de transfusão».

Neste momento, o serviço está a dar preferência à marcação das dádivas, precisamente para evitar que haja muitos dadores em simultâneo. «Para além disso é medida a febre a todos os dadores antes da inscrição e não são aceites dadores que estiveram em zonas de risco de contágio nos últimos 14 dias ou em contacto com alguém infectado», explica Jorge Tomaz. É também pedido aos dadores que entrem em contacto imediato com os serviços se, após a dádiva, tiverem alguma sintomatologia suspeita, como febre, tosse ou dores musculares.

«Vir dar sangue é uma das boas razões para sair de casa nesta altura», adiantou o director do serviço do CHUC, confiante de que Coimbra, nesta área, será «um exemplo». de solidariedade. |


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