Em tempos considerado um dos mais emblemáticos navios bacalhoeiros portugueses, pertencente à célebre Frota Branca nacional, o Argus é hoje uma sombra do que foi outrora. Basta ir ao Cais dos Bacalhoeiros, na Gafanha da Nazaré, Ílhavo, e olhar: o aspecto geral é de decadência e se nada for feito, e rapidamente, esta histórica embarcação parece correr um perigo de morte.
Os sinais da ruína são evidentes, mesmo para os leigos nas coisas do mar. A ferrugem cobre o casco e todas as estruturas metálicas, dando-lhe um ar enegrecido e velho, as madeiras estão apodrecidas, crescem plantas selvagens no interior. O Argus, propriedade de uma empresa privada de Ílhavo, é hoje uma peça flutuante a caminho da sucata.
Perante esta triste realidade, um grupo de cidadãos não quis ficar de braços cruzados e deu um passo em frente – criou o grupo SOS Argus, um nome revelador. “O Argus degrada-se a cada dia que passa, sem qualquer tipo de manutenção”, avisa Rui Bela, um dos principais dinamizadores do movimento. O grupo foi criado no Facebook e rapidamente, em poucas semanas, conquistou quase cinco mil membros – da sua comissão gestora fazem parte o holandês Adriaan Van Der Pol e o inglês Richard Slater, netos do construtor e do arquitecto naval do Argus.