“Uma Europa para Todos”, contra o nacionalismo, é o lema dos protestos marcados para este domingo, em sete cidades da Alemanha, e em várias outras de 12 países, que esperam reunir dezenas de milhares de pessoas. De acordo com um estudo recente levado a cabo pela Fundação Friedrich Ebert, conotada com a esquerda, o populismo de direita está a crescer na Alemanha e “o centro está a perder o equilíbrio e a orientação democrática”.
O relatório, elaborado por investigadores da Universidade de Bielefeld, revela que 54,1% dos alemães vê de uma forma negativa os refugiados. “Esta ideia da Europa com paz e solidariedade é algo que devemos tentar preservar e valorizar ao máximo”, sublinha à Lusa Victoria Gulde, do movimento cívico Campact, um dos organizadores das manifestações que decorrem domingo. “Acho que é extremamente importante manter este espírito vivo e dizê-lo às pessoas que querem erguer barreiras e querem destruir a tolerância que existe, falando mal das minorias e das pessoas de ‘fora’, seja lá o que for que isso significa”, revela a activista.
Estão marcadas manifestações em sete cidades alemães: Berlim, Hamburgo, Munique, Colónia, Estugarda, Leipzig e Frankfurt. Mas também em vários pontos de outros 12 países, da Áustria, à Espanha, passando pela Polónia ou Bulgária. “Criámos uma aliança muito forte formada por mais de uma centena de associações e movimentos porque acreditamos que estas eleições podem ser cruciais para a Europa. Queremos deixar a certeza de que o nacionalismo, o fecho de fronteiras e a implementação de medidas populistas para resolver questões que não podem ser solucionados ao nível nacional, não faz qualquer sentido”, admite a activista do Campact.
A organização conta reunir na Alemanha “dezenas de milhares de pessoas”, e para isso, admite Victoria Gulde, esperam ter “uma ajudinha do tempo”. “O que pretendemos com estas manifestações é, por um lado, fazer com que os nacionalistas e populistas não se apoderem do parlamento europeu e, por outro lado, queremos mostrar as nossas ideias para conseguirmos uma Europa democrática, tolerante, amiga do ambiente e social, e que dá prioridade à solidariedade”, frisa.
“Uma Europa para todos – o teu voto contra o nacionalismo” (Ein Europa für Ale – Deine Stimme gegen Nationalismus) é o mote da manifestação que, em Berlim, vai acontecer em Alexanderplatz.
Para Gulde é notório o crescimento do populismo de direita na Alemanha, mas importa pensar no fenómeno em toda a Europa. “É importante vermos o que está a acontecer, não apenas na Alemanha, mas noutros países como Itália, França e Hungria. A AfD [Alternativa para a Alemanha], o partido de extrema-direita, já faz parte de um novo grupo de populistas de direita, fundado por Matteo Salvini. Por isso é muito importante ver esta união da extrema-direita como um fenómeno europeu, uma aliança que está a ganhar força nas sondagens”, declara.
As manifestações nas sete cidades alemãs decorrem no próximo domingo, praticamente em simultâneo.