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Aliados debatem hoje principais desafios da NATO aos 70 anos


Quinta, 04 de Abril de 2019

Os ministros dos Negócios Estrangeiros aliados debatem hoje em Washington, no 70.º aniversário da NATO, os principais desafios que a organização enfrenta: a compra de um sistema antimísseis russo pela Turquia, as ameaças da Rússia e o terrorismo. Na capital dos Estados Unidos, onde a 04 de Abril de 1949 foi assinado pelos 12 Estados fundadores, um dos quais Portugal, o Tratado do Atlântico-Norte que criou a aliança militar intergovernamental, os chefes da diplomacia aliados serão hoje recebidos no Departamento de Estado pelo secretário de Estado norte-americano, Mike Pence, para uma reunião na qual pretendem tomar decisões sobre os desafios com que a Aliança Atlântica se confronta.

Uma das questões em análise no encontro será a desencadeada pela Turquia ao ter assinado um acordo com a Rússia para comprar o sistema de defesa antimísseis russo S-400, cuja entrega se iniciará no verão, e ter depois anunciado que não vai desistir dessa compra apesar das pressões dos Estados Unidos, que suspenderam a entrega a Ancara de equipamento para os caças F-35 que o Governo também pretende adquirir.

A decisão turca ensombra há meses as relações entre Ancara e Washington, aliados na NATO, desconfiando os EUA de que o sistema russo poderá ter capacidade para descortinar os segredos tecnológicos dos ultra-sofisticados aviões militares norte-americanos que a Turquia quer igualmente comprar.

O ministro dos Negócios Estrangeiros turco, Mevlut Cavusoglu, defendeu na quarta-feira em Washington, numa reunião à margem do encontro da NATO, que a Administração Trump não pode recuar na entrega dos caças, “porque a Turquia já pagou 1,2 mil milhões de dólares (1,07 mil milhões de euros) e mais 2,3 mil milhões estão em vias de pagamento” e sugeriu que esta crie “um grupo de trabalho técnico para se assegurar de que o sistema S-400 não é uma ameaça nem para os F-35, nem para os sistemas da NATO”.

Segundo o secretário-geral da organização, Jens Stoltenberg, a reunião, a que presidirá, começará por uma análise da relação com a Rússia que, com o seu “comportamento agressivo” com países vizinhos como a Geórgia e a Ucrânia e o incumprimento do tratado para a eliminação de armas nucleares de médio e curto alcance (INF, na sigla em inglês), “preocupa” a organização.

O responsável indicou que serão tomadas “medidas para melhorar o conhecimento da situação na região do mar Negro, com mais apoio à Geórgia e à Ucrânia”, depois de a Rússia ter apresado em Novembro três embarcações ucranianas e as respectivas tripulações no estreito de Kerch, em águas da península da Crimeia, anexada por Moscovo em 2014.

O apoio adicional à Geórgia e à Ucrânia será feito com a formação de forças marítimas e da guarda costeira, visitas a portos, manobras militares e partilha de mais informação, referiu.

Sobre o tratado INF, que expira a 02 de agosto próximo, com a saída anunciada dos Estados Unidos devido ao incumprimento de Moscovo, Jens Stoltenberg disse que os ministros aliados voltarão a insistir com a Rússia para que volte a respeitá-lo.

A NATO está a avaliar que medidas tomará se o tratado não sobreviver, e embora o secretário-geral tenha deixado claro que os aliados não vão imitar as acções da Rússia, defendeu que “se continue a manter uma dissuasão e defesa credíveis e eficazes”.

A presença militar russa na Venezuela será outro dos temas a abordar na reunião dos 29 ministros dos Negócios Estrangeiros.

Quanto à ameaça terrorista, os chefes da diplomacia aliados vão debruçar-se sobre os esforços dos Estados Unidos para alcançar um acordo político no Afeganistão, onde as forças da NATO estão presentes desde 2003.

Embora o grupo ‘jihadista’ Estado Islâmico “já não controle qualquer território”, Stoltenberg alertou para a importância de se continuar a apoiar as estruturas da Defesa do Iraque e formar forças locais, uma coisa que a NATO tem feito na região, não só ali, mas também na vizinha Jordânia e na Tunísia.

Os MNE terminarão a reunião discutindo uma divisão mais equilibrada dos encargos de funcionamento da Aliança Atlântica, uma questão com que o Presidente norte-americano, Donald Trump, tem pressionado os europeus desde que chegou à Casa Branca. Segundo o secretário-geral da NATO, após anos de cortes, os aliados estão agora “a acrescentar milhões” aos seus orçamentos da Defesa, que aumentaram pelo quarto ano consecutivo.

O responsável reconheceu que “existem divergências” entre os aliados em temas como as alterações climáticas ou o comércio, mas acrescentou: “Não é a primeira vez que as vemos, são parte da nossa história desde há décadas. A força da NATO é que, apesar dessas divergências, a nossa missão central é a de nos protegermos uns aos outros”.


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