Washington disse hoje que as negociações que esta semana decorreram em Pequim sobre a guerra comercial entre os dois países se focaram na promessa da China de comprar mais bens norte-americanos, sem abordar as políticas industriais chinesas.
Já o ministério chinês do Comércio revelou que os dois lados "manterão contactos próximos", ao longo das próximas semanas. Nenhum dos países avançou detalhes sobre qual será o próximo passo das negociações.
Tratou-se do primeiro frente-a-frente desde que, no início de Dezembro, os Presidentes dos Estados Unidos e da China, Donald Trump e Xi Jinping, respectivamente, concordaram uma trégua de 90 dias, para encontrar uma solução para as disputas comerciais que ameaçam a economia mundial.
O Departamento do Comércio dos EUA revelou que as conversas se focaram na promessa da China de comprar uma "quantidade substancial" de produtos agrícolas, energia, bens manufacturados e outros produtos e serviços. Mas o mesmo comunicado enfatizou também a insistência de Washington em "mudanças estruturais" na política chinesa para o sector tecnológico, mais acesso ao mercado ou melhor protecção da propriedade intelectual e o fim da ciberespionagem sobre segredos comerciais de firmas norte-americanas.
Os dois países aumentaram já as taxas alfandegárias sobre centenas de milhões de dólares de produtos de cada um. Trump exigiu que a China ponha fim a subsídios estatais para certas indústrias estratégicas, à medida que a liderança chinesa tenta transformar as firmas do país em importantes atores em actividades de alto valor agregado, como inteligência artificial, energia renovável, robótica e carros eléctricos, ameaçando o domínio norte-americano naquelas áreas. Mas o Partido Comunista Chinês está relutante em abdicar dos seus planos, que considera cruciais para elevar o estatuto global do país.
Os dois lados podem estar a caminho de um "acordo estreito", mas "os falcões comerciais dos EUA" querem "limitar o âmbito desse acordo e manter a pressão sobre Pequim", consideram num relatório analistas da consultora Eurasia Group.
"O risco de as negociações falharem continua a ser significativo", lê-se.
O comunicado do Departamento do Comércio dos EUA afirma ainda a necessidade de uma "verificação contínua" e "aplicação efectiva", em caso de acordo, reflectindo a frustração norte-americana, face a acordos feitos com Pequim no passado e que não foram cumpridos.