Uma equipa portuguesa de historiadores, biólogos marinhos, arqueólogos subaquáticos e engenheiros de robótica submarina parte hoje para Sharjah, nos Emirados Árabes Unidos, para localizar naus portuguesas do século XVI.
O arqueólogo subaquático Alexandre Monteiro disse à agência Lusa que o objectivo principal da missão é “localizar com tecnologia portuguesa do século XXI naus e galeões lusitanos do século XVI lá naufragados” ou até, “quem sabe, embarcações pré-clássicas, de quando babilónios, assírios e sumérios se abasteciam do cobre de Magan, nome pelo qual era então conhecida esta parte do mundo”.
A tecnologia e a metodologia científica a implementar “será toda nacional”, sublinhou Alexandre Monteiro, investigador do Instituto Arqueológico e Paleociências (IAP) e do Center for Maritime Archaeology and Conservation da Texas A&M University, e da University of Western Australia.
“Com efeito, se há áreas onde Portugal tem vindo a afirmar uma capacidade singular de investigação e desenvolvimento, é na concepção e utilização de veículos autónomos não tripulados subaquáticos e na realização de parcerias internacionais para a localização e exploração científica de património cultural subaquático”, argumentou.
A missão de investigação, que decorre nos antigos portos de Kalba e de Khor Fakkan, na costa leste da península de Musandam, a sul do golfo de Omã, povoações que “foram conquistadas pelos portugueses em 1515, quando eram tributárias do reino de Ormuz”, será levada a cabo pelo IAP, da Universidade Nova de Lisboa, e pelo Laboratório de Sistemas e Tecnologia Subaquática (LSTS) da Universidade do Porto.
Alexandre Monteiro especificou que serão utilizados “dois submarinos LAUV (Light Autonomous Underwater Vehicle), com cerca de 18 quilogramas cada um, desenvolvidos e programados naquele laboratório da Faculdade de Engenharia do Porto, que recolherão dados de magnetometria e de relevo dos fundos marinhos”.
O projecto, organizado a convite do emir de Sharjah, xeque Sultan bin Muhammad Al-Qasimi, é coordenado logisticamente pela Autoridade Arqueológica de Sharjah e conta com o apoio da Polícia Marítima deste Emirado Árabe.
O arqueólogo subaquático liderou, há um ano, uma equipa de investigadores portugueses que apresentou no V Encontro Iberoamericano de Gestão do Património, no Uruguai, uma proposta de pesquisa, salvaguarda e valorização do Património Cultural Subaquático de contexto português em águas territoriais uruguaias.
Em concreto, o objecto da investigação é o Património Cultural Subaquático português que jaz nas águas circundantes à cidade de Colonia do Sacramento e das ilhas próximas, explicou, em Novembro do ano passado, à agência Lusa Alexandre Monteiro.