Luís Sequeira nasceu há 53 anos em Toronto, no Canadá. Ainda assim, ao ouvi-lo falar, ninguém diria. Apesar de nunca ter morado em Portugal, o seu português é perfeito. Mais complicada é a sua agenda nas últimas semanas, razão pela qual se torna muito difícil agendar uma entrevista, apesar de toda a disponibilidade mostrada por Luís Sequeira desde o primeiro contacto. “Na próxima semana tenho de ir a Londres, depois voo para Los Angeles e dois dias depois para Nova Iorque. O melhor seria tentarmos falar quando eu estivesse em Nova Iorque. Às 8.30 horas locais, pode ser?”.
Está mais do que combinado! Afinal, não é todos os dias que se tem oportunidade de falar com um candidato aos Óscares, os principais prémios de cinema do mundo, aos BAFTA, entregues pela academia britânica de cinema e que foi o vencedor de um “Costume Designers Guild Award”, prémio atribuído pelo sindicato dos figurinistas dos EUA.
E todas estas distinções – que são a razão para a azáfama que quase nos trama a entrevista – são referentes ao trabalho feito por Luís Sequeira no filme de Guillermo del Toro, “The Shape of Water” - traduzido para “A forma da água”, em português. O luso-canadiano que tem raízes maternas em S. João de Loure é o responsável pelo guarda-roupa do filme e, na madrugada de segunda-feira tem legítimas aspirações a subir ao palco do Teatro Dolby, em Los Angeles, para receber a “estatueta dourada” que é sonho de todos os que trabalham em cinema.
Razão mais do que suficiente para o Diário de Aveiro dar a conhecer alguém que mostra grande orgulho nas suas origens e que, vindo a Portugal “pelo menos duas vezes por ano”, é em S. João de Loure que se instala para depois visitar cidades como “Porto, Espinho ou Lisboa”.
E apesar do correria das últimas semanas, é com todo o agrado que Luís Sequeira acede a fazer nova viagem, desta vez às suas memórias da terra dos avós maternos. “A primeira recordação que
guardo de S. João de Loure é estar deitado num ramo de eucalipto com a minha avó a arrastar-me pela aldeia. Lembro-me muito bem do sol nos olhos e daquele cheiro do eucalipto”, descreve, fazendo uma pausa. “Bem, já vou parecer um velhote… mas nessa altura não havia muitos carros na aldeia havia mais bois e as vacas, mas tenho muitas saudades desse tempo”, confessa.
Mas Luís guarda também daquela freguesia do concelho de Albergaria-a-Velha, memórias mais… sombrias. “Lembro-me que, na altura, era uma aldeia que me dava muito medo à noite. Era muito sossegada, eu vinha de uma cidade grande e à noite não se via ali ninguém. Só se viam as luzinhas nas portas e aquilo dava-me pesadelos”, confidencia.
O tempo agora, é de luzes, contudo. E que luzes, os holofotes de Hollywood. Até lá chegar, porém, Luís Sequeira percorreu um longo caminho. Que até começou na moda, antes de chegar aos ecrãs da “sétima arte”.
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