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Município de Pedrógão Grande rejeita mais uma linha de muito alta tensão


Sexta, 26 de Abril de 2024

O Município de Pedrógão Grande, no norte do distrito de Leiria, rejeitou hoje a proposta de mais uma linha de muito alta tensão atravessar o concelho, considerando que, a concretizar-se, aumenta “ainda mais” o risco de incêndio.
“Depois dos incêndios de 2017, colocar mais linhas de alta tensão a cortar o concelho de norte a sul, na zona mais florestal, é aumentar ainda mais o risco de ignição e transporte do fogo pelas linhas”, segundo um documento submetido hoje a reunião do executivo municipal, realizada na freguesia da Graça, relativo à linha de muito alta tensão de 400 kV Pego/Abrantes – Anadia.
Para o executivo, unânime nesta matéria, “este território merece mais respeito, dado já ter diversas linhas de muito alta tensão”, o que condiciona “gravemente a paisagem rural do concelho”.
“A linha de muito alta tensão 400 kV Pego/Abrantes a Anadia terá impacto negativo no concelho”, lê-se no documento, explicando que, nas últimas décadas, Pedrógão Grande “foi atravessado por uma linha de muito alta tensão e já está prevista outra”, além das linhas que ligam “a barragem do Cabril à barragem da Bouçã”.
Para a autarquia, ainda assim, a proposta do corredor “a poente da serra da Lousã”, que tem “um pequeno troço de linha de muito alta tensão” que atravessa Pedrógão Grande, “terá menos impacte”, dado que, “grande parte desse corredor, não tem qualquer linha de alta tensão”.
Contudo, a Câmara defendeu que esta linha de muito alta tensão “não representa uma mais-valia para o concelho”, atendendo aos “impactos negativos que daí resultarão, que são grandes”, exemplificando com a paisagem ou o turismo.
Os incêndios que deflagraram em junho de 2017 em Pedrógão Grande e que alastraram a concelhos vizinhos provocaram a morte de 66 pessoas, além de ferimentos a 253 populares, sete dos quais graves.
Os fogos destruíram cerca de meio milhar de casas e 50 empresas.
Mais de dois terços das vítimas mortais (47 pessoas) seguiam em viaturas e ficaram cercadas pelas chamas na Estrada Nacional 236-1, entre Castanheira de Pera e Figueiró dos Vinhos, no interior norte do distrito de Leiria, ou em acessos àquela via.
Na investigação que se seguiu, o Ministério Público acusou 11 pessoas e sustentou que os fogos foram desencadeados por descargas elétricas de causa não apurada com origem na linha de média tensão Lousã-Pedrógão em troços junto aos quais os terrenos estavam desprovidos de faixa de proteção e onde não tinha sido efetuada a gestão de combustível.
Em julgamento, o Tribunal Judicial de Leiria absolveu todos os arguidos e não deu como provado que os incêndios tenham sido desencadeados por descargas elétricas, nem que junto aos troços da linha de média tensão onde aquelas ocorreram os terrenos estivessem sem faixa de proteção.


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