O Farol da Barra ou o Santo André, entretanto transformado em navio-museu, são daqueles típicos postais turísticos apresentados aos forasteiros como locais de visita obrigatória. Mas nem é preciso sair da mesma freguesia, a Gafanha da Nazaré, para encontrar outro monumento que bem podia figurar numa triste lista de atrocidades contra o património. António Velha olha para o que resta do navio e exclama, de forma pesarosa: «É uma pena».
O Argus, outrora pertencente à chamada Frota Branca portuguesa e um símbolo do período mítico da pesca do bacalhau, continua na água, no Cais dos Bacalhoeiros, mas não passa hoje de uma sucata flutuante à espera que alguém, nalgum gabinete em terra, decida o seu destino.
O antigo lugre bacalhoeiro de quatro mastros agoniza junto a outras embarcações atracadas no Porto de Aveiro, carcomido pela ferrugem e por mil e um outros padecimentos. «Era uma coisa linda, linda, linda», sentencia António Velha.