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Negociar é preciso, mas com sabedoria

Março 10, 2025 . 13:00
Achegada de Donald Trump ao poder virou o planeta do avesso, dividiu os povos e dividiu as famílias e as pessoas de praticamente todos os países, ao executar aquilo que lhe ensinaram a negociar no setor imobiliário dos Estados Unidos: nunca aceitar que errou e iniciar a negociação com as propostas mais baixas e mais violentas para condicionar a outra parte.

Ora o problema para Trump é que a geopolítica das nações não é o setor imobiliário de Nova Iorque e Trump não passa de um labrego na arena global. Assim, no final da passagem de Trump pela Casa Branca, o maior perdedor será a economia americana, a qual já reagiu na Bolsa com a perda de tudo o que ganhara nos dias seguintes à eleição.
Infelizmente, existe por todo o mundo muita gente como o general Agostinho Costa e o colonista Mário Rebelo, entre muitos outros, que veem o mundo com a mesma sabedoria com que as multidões veem um jogo de futebol, uns por amor ao clube e outros por ignorância. Há ainda muitos outros por fraqueza de convicção, ainda que embrulhem as suas fantasias no manto diáfano dos chamados valores, que no caso raramente existem, quando o que resta é apenas o amor ao clube.
Recordemos na circunstância o que aconteceu nos idos de 1939/1940 quando Churchill teve de combater os defensores da coexistência com Hitler, que achavam que a solução seria a negociação, tentada em Munique com os resultados conhecidos. Ora Putin não é melhor ou mais confiável do que Hitler e, tal como a experiência mostra, é menos doloroso armar cedo do que tarde.
Nestas circunstâncias, não podemos minimizar a importância dos Estados Unidos na equação, razão para tudo ser feito para evitar o pior da potencial divisão do Ocidente democrático. E sendo Trump um negociador, negociando. Ou seja, mostrando suavemente a Trump e ao povo norte-americano que o maior perdedor neste processo serão os Estados Unidos e o seu povo, porque na história nenhum ditador sobreviveu para sempre e se Trump vencer o sistema democrático dos Estados Unidos, nomeadamente no campo da Justiça, mas também da economia, a consequência será o desastre para a América.
A passagem da filosofia democrática dos Estados Unidos do comércio livre e da concorrência entre as empresas e entre as nações, tentando vencer, nomeadamente a China, através de taxas alfandegárias, é não apenas um erro com consequências visíveis a curto prazo, mas o fim da nação americana como a conhecemos. Esperemos que esta questão seja apenas um primeiro tiro do arsenal de Trump e se siga a negociação.
Neste contexto, a União Europeia deve tentar sempre negociar, mas nunca numa posição de fraqueza e, por isso o rearmamento deve ser a prioridade e sem cedências aos muitos que pelas mais diversas razões defendem as chamadas conquistas sociais para não fazer nada e abrir as portas da Europa ao expansionismo russo, ou soviético, a diferença não existe.
A defesa da democracia e dos direitos dos povos nem sempre se faz sem sacrifícios, razão por que tudo deve ser feito para usar a diplomacia e negociar, nomeadamente porque existe o perigo nuclear, razão para algumas cedências que serão necessárias, mas com a certeza de que somos mais fortes e mais determinados. Ou seja, não devemos passar a vida a valorizar as nossas debilidades, para no futuro podermos valorizar as nossas forças.

Março 10, 2025 . 13:00

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