A carpintaria naval ainda resiste mas já só tem dois mestres no ativo

No site da Junta de Freguesia de Pardilhó lê-se que «a atividade económica mais significativa da história» da localidade é a construção naval. Diversos estaleiros dedicavam-se à construção de barcos típicos da ria (moliceiros, mercantéis ou bateiras) e de mar. Por outro lado ocorreu a construção de outros tipos de embarcações, em particular as típicas do Rio Tejo (varinos, fragatas, etc.), geralmente na Ribeira da Aldeia. Este fenómeno esteve na origem das migrações de construtores navais para o Tejo e outras regiões do país nos séculos XIX e XX. A isto soma-se ainda a construção de embarcações por pardilhoenses no Nacinho, na Murtosa e em Ovar de alguns navios bacalhoeiros, no período da Primeira República, a um dos quais esteve associada uma seca de bacalhau na freguesia. A importância do setor da construção naval era atestada pela existência do Sindicato Nacional dos Carpinteiros Navais do Distrito de Aveiro.

Outrora pujante, a construção naval atravessa atualmente uma fase difícil, já quase não restando quem a exerça. António Tavares, presidente da Junta de Freguesia de Pardilhó, assume a ameaça. «Pardilhó é terra de carpinteiros navais mas já quase não resta nenhum», diz, notando,em entrevista (ver páginas 2 e 3), que a atividade «está em via de extinção».

Felisberto Amador e Arménio Pereira são os últimos carpinteiros navais que permanecem no ativo. Até há pouco tempo, o mestre António Esteves ainda trabalhava no setor, mas agora, já com mais de 80 anos e doente, abandonou a profissão.