
Troca de comunicados pode acabar em Tribunal
Após um dia de troca de declarações, o caso terminará em tribunal se Alberto Souto, candidato do PS, nas próximas autárquicas, cumprir a intenção de levar Ribau Esteves, presidente da Câmara de Aveiro, a explicar ao Ministério Público «o que se recusa responder por difamação agravada, porque é reincidente».
«Porque é que a câmara vai receber um imóvel de 10 milhões de euros», no caso, um museu de arte contemporânea, a construir pela Civilria no terreno da antiga empresa Vitasal, no topo nascente do Canal de S. Roque, como anunciou na última reunião de câmara, foi a questão lançada por Alberto Souto. Aqui detetou um caso de «filantropia rara (…) ou será que, mais uma vez, o senhor presidente (Ribau Esteves) não explicou bem as contas?».
Para Ribau Esteves, Alberto Souto «insinua que o presidente e o seu Executivo praticaram atos de duvidosa qualidade de gestão» e «levanta suspeições graves e absurdas a instituições». Sobre o museu, Ribau Esteves disse na reunião de câmara que será «projetado e construído pela Civilria e entregue à câmara para gerir». Refere-se ao candidato como um «pequeno investidor imobiliário que procura ultrapassar e não cumprir as regras, com tentativas de aprovações diretas com SMS’s ao presidente da câmara e ações de pressão a funcionários da câmara».
Numa resposta a um comentário à sua publicação no Facebook referente às «contas» que suportam a construção do museu de arte contemporânea, Alberto Souto diz: «muito antes de ser candidato à autarquia, a empresa (Alfabeto Salgado) em que sou sócio minoritário com 25 por cento alienou essa operação. Era a única operação imobiliária que tinha». De resto, diz que «quando for Presidente (no caso de vitória nas autárquicas) cumprirei escrupulosamente o regime legal e farei a necessária declaração de interesses». Assegura que nunca confundiu vida privada com o interesse público ou usou o cargo «em proveito próprio e assim será».
Funcionários «proibidos»
Sobre os SMS´s ao presidente, Alberto Souto justifica dizendo que Ribau Esteves tinha «avocado o processo e proibiu os funcionários da câmara» de o receberem e fez «veto de gaveta durante um ano». Considera que foi discriminado «objetivamente», e quanto a pressões sobre funcionários da câmara serão suas «testemunhas». Ainda sobre as SMS´s estão «todas guardadas e o processo de obras todo documentado». O Diário de Aveiro tentou obter uma declaração da administração da Civilria, mas não conseguiu.
Ribau Esteves diz que a «ânsia e a luta de poder económico e político da família Souto Miranda não vai perturbar a governação da câmara». A «luta de poder» a que se refere envolve Luís Souto Miranda, irmão de Alberto Souto, candidato do PSD também à câmara de Aveiro. Aliás um candidato indesejado por Ribau Esteves mas escolhido pela direção nacional do PSD, fazendo cair a sua intenção de levar Rogério Carlos a cabeça de lista à Câmara de Aveiro.
Segundo Alberto Souto, Ribau Esteves «não perdoa a humilhação a que foi sujeito na respectiva escolha» e acrescenta que «ataca igualmente» o seu «irmão, a despropósito, só porque sim. É uma pena que não saiba terminar o mandato com um pouco de dignidade». Ribau Esteves diz que não será «parte da luta eleitoral, mas nunca se irá deixar silenciar quando a honorabilidade for colocada em causa».
Diz ainda que «a seriedade, a transparência, o combate à corrupção, o rigor das contas e dos acordos com entidades públicas e privadas são instrumentos base da gestão da Câmara».
Sobre a alegação de Alberto Souto justifica dizendo que "Ribau Esteves tinha «avocado o processo e proibiu os funcionários da câmara» de o receberem", tal não deixa de ser plausível! Recentemente foi aprovado pela Câmara Municipal de Aveiro um Código de Ética que viola a Constituição, pois proíbe os funcionários da câmara de darem entrevistas ou publicarem artigos de opinião… Ler mais »