As memórias de uma cidade onde «não havia turismo nenhum»

O que são marachas, engivas ou marinhas podres? E barachões, encanas ou pajões? Nas suas 100 páginas, o “Glossário - designações relacionadas com as marinhas de sal da Ria de Aveiro” explica isso e muito mais. Quase 30 anos após o lançamento, o livro conheceu agora uma reedição por iniciativa da Câmara de Aveiro. Foi o pretexto para uma conversa com o autor, Diamanti­no Dias, de 88 a­nos. Recebeu-nos na sua casa da Rua de São Sebastião, nas Cin­co Bicas, e falou-nos de co­mo A­vei­ro já foi uma cidade com «poucos ou nenhuns» turistas, de
como trouxe Amália às Verbenas e dos livros que escreveu.

Diário de Aveiro: O senhor Diamantino nasceu onde?
Diamantino Dias: Eu nasci nesta rua, no número 19. Depois, com um ano ou dois de idade, fui para o número 58 da Rua Eça de Queirós, que é a seguir. E depois, com uns 4, 5 anos, vim para aqui para esta casa. A casa só não é a mesma porque eu demolia-a há uns 20 e tal anos e reconstrui-a. Dantes esta casa era mercearia, taberna e casa de hóspedes. A mercearia do Manuel Cacau, que era meu padrinho.

Nunca saiu daqui, então?
Nunca sai daqui. Sou um cinco-biquense.

Os seus pais eram daqui?
O meu pai era de uma freguesia do concelho de Condeixa-a-Nova e a minha mãe era aveirense.

O senhor fez a escola aqui?
Estudei aqui na escola primária e fiz aqui o liceu. Na universidade, fiz três anos em Aveiro e mais dois em Coimbra.

Que curso é que tirou?
Tenho o bacharelato em Filologia Românica e tenho a licenciatura em Línguas e Literaturas Modernas, na vertente de Português/Francês. Eu matriculei-me na universidade em Aveiro em 1975...

A universidade é de 1973, portanto foi dos primeiros alunos…
De letras, fui dos primeiros. A universidade funcionava onde eram os CTT, numa transversal da Rua Mário Sacramento. Os livros de letras eram uma prateleira, se tanto. Depois é que fomos para onde é agora a universidade, para o pé da cadeia. Era uma miniatura.