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Que caia o Carmo, que caia a Trindade: terramoto político em Aveiro tem epicentro em Montenegro

Fevereiro 8, 2025 . 15:00
A demissão de Ribau Esteves da presidência da Mesa do Plenário de Militantes do PSD de Aveiro gerou ondas de choque que ecoam para além das fronteiras locais, sendo aqui analisada sob a ótica de um cidadão independente, alheio a qualquer afiliação partidária, e comprometido apenas com a clareza e profundidade da reflexão sobre os impactos políticos e sociais deste evento.

O episódio, que já resultou em baixas importantes nas estruturas locais do partido, levanta questões fundamentais sobre a dinâmica de poder dentro do PSD e a relação entre os órgãos locais e a direção nacional. A escolha de Luís Souto como candidato à presidência da autarquia, feita pela direção nacional, é o epicentro deste terramoto político, expondo uma clivagem profunda entre o centro e a periferia partidária.
É inevitável questionar: por que motivo não são os militantes locais, aqueles que conhecem os desafios e potencialidades da região, os responsáveis por escolher os seus representantes? Como diz o provérbio, “bom lavrador é o que amanha a terra”. E quem melhor para escolher as ferramentas da lavoura do que aqueles que efetivamente pisam o solo? Deixar esta decisão nas mãos da direção nacional pode até ter uma justificativa, como evitar manipulações ou garantir uma visão mais ampla para o partido. No entanto, neste caso específico, parece que outros valores prevaleceram: animosidades, ressentimentos ou interesses que não se alinham com o bem-estar da região ou do partido.
Ribau Esteves, limitado pela impossibilidade de se recandidatar ao cargo, ainda assim manteve-se em silêncio durante dias, talvez esperando uma solução que nunca chegou. Esta análise, feita a partir do olhar crítico de um cidadão independente, busca apenas interpretar os ecos deste tremor político com um foco na relevância democrática e no impacto sobre as comunidades locais. A sua saída, assim como a de Simão Santana e Rogério Carlos, revela um descontentamento generalizado com o modo como o processo foi conduzido. Santana foi claro nas suas acusações, apontando o dedo à direção nacional por ignorar os órgãos locais e impor uma decisão unilateral.
O que se segue é incerto, mas o cenário político em Aveiro promete ser palco de novos conflitos, de um tsunami... Como dois irmãos em desavença, o confronto entre o “laranja” e o “rosa” pode estar iminente. Quem reunirá maior consenso? A resposta está nos votos do povo - ou pelo menos estaria, caso este tivesse a oportunidade de intervir diretamente neste episódio específico.
Enquanto observador independente, sem qualquer tipo de filiação político-partidária, limito-
-me a calçar os sapatos de cidadão atento, analisando este tremor com os olhos de quem se preocupa apenas com o impacto nas comunidades e na democracia. No fundo, a minha reflexão resume-se a uma inquietação e a uma esperança: inquietação perante o distanciamento entre o poder central e as bases locais, e esperança de que este episódio sirva como um alerta para a necessidade de maior descentralização. A autonomia local deve ser valorizada e respeitada, especialmente em questões tão intrínsecas ao funcionamento das comunidades locais. Se o partido deseja fortalecer a sua base e reconquistar a confiança dos seus militantes, é imperativo que se reavalie a relação entre o centro e as regiões.
Em Aveiro, os órgãos locais, compostos por pessoas que efetivamente “amanham a terra,” são os heróis desta história. Eles merecem não só a nossa atenção, mas também o respeito da direção nacional. E, no futuro, quem sabe? Talvez o partido como um todo perceba que a verdadeira força do PSD está na sua base e não em decisões centralizadas que desconsideram a realidade local.

Para o leitor, com estima:
Poder e Progresso: A nossa luta milenar pela tecnologia e prosperidade
Daron Acemoglu e Simon Johnson exploram a relação entre tecnologia e prosperidade, desafiando a ideia de que o avanço tecnológico conduz inevitavelmente ao bem-estar coletivo. Com um olhar histórico e abrangente, mostram como a tecnologia tem sido frequentemente usada...
Com uma análise rigorosa e muito provocadora, convidam à reflexão sobre o futuro da inovação e o papel das escolhas políticas e sociais na sua direção. A mensagem central soa a um alerta necessário para que a tecnologia seja moldada em benefício de todos.
(Ao questionar a narrativa dominante do progresso, desafiam-nos a repensar o futuro, lembrando-nos de que a tecnologia, por si só, não define o destino da humanidade - são as escolhas que fazemos com ela que moldam o mundo em que vivemos.) |

* Doutorando da Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra (FMUC)
Data Scientist, Mestre em Psicologia,
Investigador Psicofisiologista (EEG)

Fevereiro 8, 2025 . 15:00

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