Que caia o Carmo, que caia a Trindade: terramoto político em Aveiro tem epicentro em Montenegro
O episódio, que já resultou em baixas importantes nas estruturas locais do partido, levanta questões fundamentais sobre a dinâmica de poder dentro do PSD e a relação entre os órgãos locais e a direção nacional. A escolha de Luís Souto como candidato à presidência da autarquia, feita pela direção nacional, é o epicentro deste terramoto político, expondo uma clivagem profunda entre o centro e a periferia partidária.
É inevitável questionar: por que motivo não são os militantes locais, aqueles que conhecem os desafios e potencialidades da região, os responsáveis por escolher os seus representantes? Como diz o provérbio, “bom lavrador é o que amanha a terra”. E quem melhor para escolher as ferramentas da lavoura do que aqueles que efetivamente pisam o solo? Deixar esta decisão nas mãos da direção nacional pode até ter uma justificativa, como evitar manipulações ou garantir uma visão mais ampla para o partido. No entanto, neste caso específico, parece que outros valores prevaleceram: animosidades, ressentimentos ou interesses que não se alinham com o bem-estar da região ou do partido.
Ribau Esteves, limitado pela impossibilidade de se recandidatar ao cargo, ainda assim manteve-se em silêncio durante dias, talvez esperando uma solução que nunca chegou. Esta análise, feita a partir do olhar crítico de um cidadão independente, busca apenas interpretar os ecos deste tremor político com um foco na relevância democrática e no impacto sobre as comunidades locais. A sua saída, assim como a de Simão Santana e Rogério Carlos, revela um descontentamento generalizado com o modo como o processo foi conduzido. Santana foi claro nas suas acusações, apontando o dedo à direção nacional por ignorar os órgãos locais e impor uma decisão unilateral.
O que se segue é incerto, mas o cenário político em Aveiro promete ser palco de novos conflitos, de um tsunami... Como dois irmãos em desavença, o confronto entre o “laranja” e o “rosa” pode estar iminente. Quem reunirá maior consenso? A resposta está nos votos do povo - ou pelo menos estaria, caso este tivesse a oportunidade de intervir diretamente neste episódio específico.
Enquanto observador independente, sem qualquer tipo de filiação político-partidária, limito-
-me a calçar os sapatos de cidadão atento, analisando este tremor com os olhos de quem se preocupa apenas com o impacto nas comunidades e na democracia. No fundo, a minha reflexão resume-se a uma inquietação e a uma esperança: inquietação perante o distanciamento entre o poder central e as bases locais, e esperança de que este episódio sirva como um alerta para a necessidade de maior descentralização. A autonomia local deve ser valorizada e respeitada, especialmente em questões tão intrínsecas ao funcionamento das comunidades locais. Se o partido deseja fortalecer a sua base e reconquistar a confiança dos seus militantes, é imperativo que se reavalie a relação entre o centro e as regiões.
Em Aveiro, os órgãos locais, compostos por pessoas que efetivamente “amanham a terra,” são os heróis desta história. Eles merecem não só a nossa atenção, mas também o respeito da direção nacional. E, no futuro, quem sabe? Talvez o partido como um todo perceba que a verdadeira força do PSD está na sua base e não em decisões centralizadas que desconsideram a realidade local.
Para o leitor, com estima:
Poder e Progresso: A nossa luta milenar pela tecnologia e prosperidade
Daron Acemoglu e Simon Johnson exploram a relação entre tecnologia e prosperidade, desafiando a ideia de que o avanço tecnológico conduz inevitavelmente ao bem-estar coletivo. Com um olhar histórico e abrangente, mostram como a tecnologia tem sido frequentemente usada...
Com uma análise rigorosa e muito provocadora, convidam à reflexão sobre o futuro da inovação e o papel das escolhas políticas e sociais na sua direção. A mensagem central soa a um alerta necessário para que a tecnologia seja moldada em benefício de todos.
(Ao questionar a narrativa dominante do progresso, desafiam-nos a repensar o futuro, lembrando-nos de que a tecnologia, por si só, não define o destino da humanidade - são as escolhas que fazemos com ela que moldam o mundo em que vivemos.) |
* Doutorando da Faculdade de Medicina
da Universidade de Coimbra (FMUC)
Data Scientist, Mestre em Psicologia,
Investigador Psicofisiologista (EEG)