
Medina considera natural arquivamento mas lamenta oito anos de “calúnias” contra si
O ex-presidente da Câmara de Lisboa Fernando Medina considerou hoje natural a decisão do Ministério Público de arquivar as suspeitas que lhe foram imputadas no caso “Tutti Fruti”, mas lamentou oito anos de processo com “calúnias” contra si.
“Recebi hoje a notícia de que o processo que me envolvia no caso Tutti Frutti foi arquivado na sua totalidade na parte que me diz respeito. Recebi esta notícia com satisfação, mas também com naturalidade”, declarou Fernando Medina, ex-ministro das Finanças e atual deputado do PS.
No âmbito do processo “Tutti Frutti”, o Ministério Público deduziu acusação contra 60 arguidos por crimes de corrupção, prevaricação, branqueamento e tráfico de influência, mas ilibou Fernando Medina.
Falando aos jornalistas, Fernando Medina afirmou que em oito anos de processo “foram publicadas mais de duas mil notícias”.
“E foram passadas nas televisões 48 horas interruptas de notícias que envolveram o meu nome, com calúnias, insinuações, com acusações, com maldade muitas vezes”, completou.
Segundo o ex-ministro das Finanças, procurou criar-se na opinião pública, durante todos estes anos, uma imagem de si "muito diferente da realidade”.
“Lamento que oito anos foi o tempo que a justiça demorou. Apenas há três meses fui constituído arguido e pela primeira vez fui ouvido neste processo. Três meses depois de ser ouvido, o processo foi arquivado pelo próprio Ministério Público”, assinalou.
Perante os jornalistas, o ex-presidente da Câmara de Lisboa realçou que, neste processo, para ser ilibado, “não foi preciso nenhuma decisão de um tribunal de instrução, de um tribunal de primeira instância, muito menos de um tribunal da relação de recurso”, mas acentuou os oito anos de prejuízo que teve para a sua vida pessoal.
“São oito anos que não podem ser apagados, com as consequências que tiveram sobre mim, mas sobretudo sobre a minha família”, observou, antes de ser confrontado pelos jornalistas com o facto de no despacho do Ministério Público se fazerem críticas à sua conduta enquanto presidente da Câmara de Lisboa.
“A única coisa relevante relativamente ao Ministério Público é o arquivamento. Tudo o resto são opiniões das quais se pode concordar ou discordar. Eu discordo, não me incomoda minimamente”, contrapôs.
Nas declarações que prestou aos jornalistas, o ex-ministro das Finanças fez ainda questão de salientar que “não é arguido em nenhum outro processo”.
Depois, deixou o seguinte recado: “Há uma coisa que não tenho nenhuma dúvida, é que qualquer outro processo ou qualquer outra tentativa de me associar a qualquer outro processo acabará por ter o desfecho deste, que é o arquivamento, seja no Ministério Público, seja em outra fase processual”.
“Há algo que posso responder por mim e por aquilo que fiz ao longo de todos os meus anos de vida pública, que é o cumprimento e o sentido de serviço público ao país, de profunda integridade no desempenho de funções públicas, de escrupuloso cumprimento da lei. E isso assegura-me a tranquilidade de dizer que qualquer eventual outro processo terá sempre este desfecho: O seu arquivamento”, acrescentou.
A operação denominada 'Tutti Frutti' investigou desde 2018 alegados favorecimentos a militantes do PS e do PSD, através de avenças e contratos públicos, estando em causa suspeitas de corrupção passiva, tráfico de influência, participação económica em negócio e financiamento proibido.