
Saldo negativo é «prejuízo» para o PS e «investimento» para a maioria PSD-CDS
Os números não são contestados, mas a soma a que chegam as despesas para a realização de cada Carnaval em Estarreja, não cobertas por receitas, têm leituras díspares, como a que se verifica entre o presidente da Câmara, Diamantino Sabina, e a vereadora socialista, da oposição, Marisa Macedo. A socialista consultou as “contas oficiais” e expôs nas redes sociais os valores: 476.628,94 euros «de prejuízo» com a organização do Carnaval de 2024 e 432 mil euros em 2023. Diferente da vereadora, o presidente da Câmara de Estarreja, Diamantino Sabina, do PSD, não contesta os números e chama-os de «investimento» dos últimos dois anos. Marisa Macedo acrescenta que pela sua «experiência», a câmara vai voltar a ter prejuízo em 2025, de «mais de 400 mil euros, pelo terceiro ano consecutivo». A vereadora diz que é uma questão de saber «potenciar o que há», o que a organização não consegue fazer mesmo tendo uma «significativa quantidade de gente com talento, empenhada e disponível para pôr tudo em marcha. Precisam é de quem saiba e tenha meios para liderar toda a organização», escreve.
Quando presidiu à associação que participa no Carnaval, o evento «até deu lucro», por isso diz ter «legitimidade acrescida para falar deste tema».
A vereadora lamenta que o Carnaval «esteja neste caminho» quando tem «tudo para atrair multidões», mas «o público não está a aderir a este espetáculo», como verificou na venda de bilhetes. Foram 5.763 entradas no domingo, 6.810 na terça-feira e, na sexta à noite, apenas 3.750 entradas. A vereadora reclama, ainda, os valores dirigidos aos grupos. «Dos 618 mil euros de despesas do Carnaval de 2024, apenas 125 mil euros foram para financiar os grupos de Carnaval, quem faz a festa!».
Cultura não dá lucro
Diamantino Sabina até arredonda o valor, que «não surpreende», e diz que «o retorno económico é muito superior a 500 mil euros». É um valor que, de resto, tem efeitos sócio-económicos» positivos, e «gera investimento no concelho».
Quanto à intervenção de Marisa Macedo diz que é «uma forma leviana de fazer política» e critica uma avaliação do Carnaval com uma folha de cálculo, deixando uma pergunta: «Alguma câmara no mundo consegue tirar proveito (financeiro) com a aposta na cultura?».