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Investigadores criam reservatório de combustível adaptável para pequenos satélites

Uma das inovações do reservatório é que é adaptável ao espaço livre existente no interior do satélite

Investigadores do Instituto de Ciência e Inovação em Engenharia Mecânica e Engenharia Industrial (INEGI), no Porto, desenvolveram um reservatório de armazenamento de combustível que se adapta ao espaço existente no interior de pequenos satélites usados para observação da Terra.

Em declarações à agência Lusa, o investigador responsável pelo projeto, Pedro Fernandes, esclareceu hoje que esta é “uma solução mais eficiente para armazenar propelente” em satélites ‘cubesat’, isto é, satélites em formato miniatura.

Estes pequenos satélites têm várias aplicações, desde comunicação, observação da Terra e monitorização do tempo e clima.

O reservatório desenvolvido no instituto do Porto assenta “num conjunto de empilhamentos de pequenos cilindros feitos em material compósito” e pretende servir de alternativa às tradicionais garrafas de armazenamento de combustível que suportam a operação destes pequenos satélites.

É extremamente relevante conseguirmos introduzir dentro do satélite o maior número de componentes possíveis por uma questão de espaço. Temos pouco espaço e é muito caro colocar satélites em órbita”, assinalou.

Uma das inovações do reservatório é que é adaptável ao espaço livre existente no interior do satélite.

Este conceito pode ser escalado em função da quantidade de propelente que é necessário para colocar em órbita. Podemos aumentar e reduzir o tamanho que o reservatório ocupa ou, se necessário, redistribuir os locais onde o propelente é armazenado em funções dos espaços que estão livres”, esclareceu.

Durante o processo de criação, que durou cerca de nove meses, os investigadores tiveram em conta uma série de preocupações, como o reservatório ser “mais eficiente” do que a solução existente no mercado, mas também ao nível da própria operação, uma vez que o equipamento vai estar "fora da atmosfera, exposto ao vácuo e radiação solar".

Outra das preocupações prendeu-se com a reentrada do reservatório na atmosfera.

A nossa preocupação é garantir que ele se consegue desintegrar na totalidade para que nada chegue ao solo. Portanto, desintegra-se logo na atmosfera. Há uma preocupação para que os materiais não contribuam para camadas de ozono ou algum tipo de efeito nocivo”, salientou.

Os investigadores do INEGI apresentaram a solução à Agência Espacial Europeia (ESA), que demonstrou interesse.

A demonstração de conceito “já foi concluída” e os investigadores estão agora em preparação para a campanha de qualificação, que deverá durar entre um a dois anos.

Esta campanha de qualificação consiste numa série de testes que garantem que o reservatório "consegue operar o número de vezes necessário para garantir a integridade do satélite" e que pode ser colocado em órbita, suporta a vibração do lançamento e sobrevive à radiação, ciclos térmicos e temperaturas extremas.

"Temos de ter mesmo a certeza de que o protótipo vai funcionar, que vai estar em órbita sem causar nenhum problema e sem comprometer de alguma forma a missão do satélite", salientou.

O reservatório, desenvolvido no âmbito do projeto NoTank, financiado pela ESA, já foi patenteado a nível nacional e os investigadores aguardam que seja patenteado a nível internacional.

À Lusa, Pedro Fernandes disse esperar que o reservatório possa, num prazo de cinco anos, vir a ser incorporado em algumas missões da ESA e não descartou a hipótese de a solução ser adaptada a satélites pequenos, mas de maior dimensão que os 'cubesat’.

 

Janeiro 24, 2025 . 12:03

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