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Uma tanatopratora é muito mais do que uma maquilhadora de mortos

«Quando conheço pessoas novas ou estou a entrar num grupo novo de amigos digo sempre que sou técnica da morte», contou Rita Horta ao Diário de Aveiro

Licenciada em Ciências Forenses e Criminais, pela Universidade Egas Moniz, Rita Horta tem 27 anos e é tanatopratora há cerca de um ano. Trabalha na Central de Lisboa da Servilusa, na Buraca (Amadora), onde estagiou no último ano da licenciatura. Na altura, como contou ao Diário de Aveiro (DA), «fiquei apaixonada pela área, pelo que se fazia aqui», ao ponto de «voltar ao sítio onde gostei de estagiar». Isto, depois de ter trabalhado quatro anos no Instituto de Medicina Legal e Ciências Forenses, em Lisboa.

«Afinal, o que é uma tanatopratora?», estarão a perguntar muitos dos nossos leitores. Que se desenganem aqueles que pensam que é uma mera maquilhadora de mortos. Para Rita Horta, «a maquilhagem é muito importante, pois é a técnica que permite finalizar todo o trabalho efetuado», mas a tanatopraxia é muito mais do que isso.

«Especialista na técnica de conservação de cadáveres»

Rita Horta é «especialista na técnica de conservação de cadáveres com o propósito de retardar o processo de decomposição». Como disse ao DA, os tanatopratores têm de «ter uma formação bastante prolongada, com avaliação, e depois aplicar esses conhecimentos, que são uniformizados em todos os países onde a tanatopraxia é corrente», explica.

«Trabalhamos quase sempre da mesma forma, seja em Portugal, Espanha ou França», afirmou, concretizando: «a tanatopraxia consiste numa intervenção no corpo de forma a retardar os processos putrefativos, higienizando o corpo e retiran­do os fluidos corporais. Desta for­ma, o falecido quando vai pa­ra um velório vai em muito melhores condições, com um ar mais tranquilo e o mínimo de vestígios de eventuais doenças de que tenha padecido, e sem odores».

O tanatoprator é, pois, «responsável por garantir à família a melhor última imagem possível que vão ter daquela pessoa», referiu Rita Horta, cha­man­do a atenção para o facto de, «normalmente», haver «u­ma grande confusão entre a­qui­lo que é o maquilhador e o tanatoprator».

«É importante esclarecer que qualquer um pode maquilhar. Bem ou menos bem, qualquer pessoa o pode fazer e não é necessária uma certificação para esse efeito», contudo, «a tanatopraxia é mui­to mais do que a maquilhagem: é tudo o que é anterior a isso, o trata­mento do cor­po, todas as ques­tões técnicas que estão associadas. São várias fases de um processo que, depois, se conclui com a maquilhagem», deixou claro.

Até há uns anos, o curso de tanatopraxia era feito em Barcelona (Espanha), certificado pelo Instituto Francês de Tanatopraxia, e tinha a duração de um ano. Hoje em dia já pode ser tirado em Portugal. É composto por uma parte teórica, na qual «aprendemos a anatomia do corpo humano, as artérias, veias, músculos, tecidos, etc.». Entretanto, e «depois do exame teórico, ainda temos de fazer muitas tanatopraxias, obrigatoriamente, antes de ir para exa­me final», explicou Rita Horta, falando concretamente do seu caso. «Quando terminei a minha licenciatura, como já tinha gostado de estar aqui, na Servilusa, fui à procura de mais formação na área. Fui encontrar um cur­so no Porto, no Instituto CRIAP. Depois deste, fui tirar o outro curso, em Barcelona. A minha formação de base foi mais teórica».

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Outubro 31, 2024 . 09:30

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