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Incêndios deixam rasto de morte, feridos e elevados prejuízos

Os incêndios de Oliveira de Azeméis e Sever do Vouga fizeram um cerco a Albergaria-a-Velha e Águeda, continuando o caminho para sul, até Ílhavo. Um desespero nas populações e falta de meios

Entre as pessoas mortas e as feridas, houve empresas seriamente afetadas e destruídas; habitações, floresta e viaturas ardidas; animais mortos, também, de criação e de companhia; explorações agrícolas e familiares atingidas e rede elétrica e abastecimento de água comprometidas. Onde tudo estava a acontecer, eram o desespero e a revolta as expressões que transpareciam mais nos que se concentravam nas estradas ou a tentar apagar incêndios, em Alquerubim, Angeja, Paus, Frias, Cavada Nova e Macinhata do Vouga. Após o dia de domingo, a madrugada de ontem começou com mais fogos na região, em Albergaria-a-Velha, Aveiro, Águeda e Ílhavo, a juntarem-se aos de Sever do Vouga e Oliveira de Azeméis, que tinham começado nos dias anteriores.
O Diário de Aveiro seguiu, ontem, o rastro da destruição dos incêndios e atravessou locais em Albergaria e Águeda, com os incêndios a serem combatidos por populares que apontavam ao fogo mangueiras ligadas a um motor que puxava água de depósitos transportados em camionetas ou tratores com cisternas, mas sabendo que de pouco valia, porque era um combate desigual contra o avanço das chamas e fumo.

«É melhor perguntar
onde não está a arder»
Por onde passou, o fogo deixava as pessoas de braços caídos, descrevendo a tragédia que as atingiu. Empresários ou moradores de casas afetadas, explorações agrícolas e florestais, sabiam o que estava à sua frente e, como já aconteceu no passado, o fogo «faz sempre o mesmo caminho», dizia um popular. O mesmo que, questionado por quem chegava ali e começava a fazer perguntas, respondia: «É melhor perguntar onde é que não está a arder...». Estamos na estrada que liga Alquerubim a Albergaria-a-Velha, onde se junta gente e o fogo avança. Com uma mangueira e galhos de eucalipto, avançam e recuam. Na realidade, mais recuos do que avanços. Passou um carro de comando de bombeiros atravessando uma estrada de fu­mo, desaparecendo de vista, a GNR também esteve naquele sítio e, sem bombeiros, todos perceberam que o fogo estava a ganhar.

De Alquerubim em direção a Albergaria, entre floresta e instalações ardidas, postes elétricos e de comunicações de madeira partidos pelo fogo e caídos no chão, cabos que atravessam estradas, a Perfichapa, com 70 trabalhadores, foi atingida de uma forma que só conseguirá voltar a funcionar na próxima semana. O calor foi suficiente para destruir material e as instalações.
Chega-se a Cavada Nova, depois de passar por vários cortes de acesso à A25, onde se concentram mais pessoas. Ali arderam 11 automóveis de um “stand” de usados e uma casa de primeira habitação. A temperatura foi tão alta que vergou a estrutura da cobertura de carros do “stand”, apesar de pa­recer que ia aguentar. Em Frias, uma serralharia, uma carpintaria antiga e uma exploração agrícola e animais foram consumidos pelas chamas.
Com poucos meios de combate e água a faltar, é um desalento ver haveres e animais queimados num cenário negro, muitos focos de incêndio, a terra negra, em cinzas e a fumegar onde não ardia. |

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