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Museu a céu aberto transforma Estarreja em galeria de arte urbana

A colorir as ruas e a cidade há oito anos, o ESTAU está de regresso para a 6.ª edição do Festival de Arte Urbana. Entre cores e texturas, este é o evento «mais internacional de todos», sendo que três artistas são portugueses

Considerado um município de­tentor de património natural ímpar, com um desenvolvimento de agricultura único e tecido empresarial diversificado, Estarreja volta a colocar a arte urbana a falar com todas estas caraterísticas, nomeadamente com as pessoas. Após oito anos do seu nascimento (em 2016), o festival está de regresso para a 6.ª edição, até ao próximo domingo (dia 22), sem deixar escapar temas de a­genda global, tais como a sustentabilidade ambiental e a identidade cultural.

A importância do ESTAU
e a edição deste ano
A partir da segunda metade do século XX, a arte urbana ou “street art” como é familiar, passou a surpreender com desenhos nas ruas, em painéis, fachadas e grandes muros. A mistura de cores e a mescla de texturas não ficou indiferente ao município de Estarreja, tornando-se numa autêntica galeria de arte a céu aberto.
As ruas e a cidade são a verdadeira tela para novas histórias, cores e formas, todas moldadas pelas mãos de oito artistas, como Tellas (Itália); Sojo (Espanha); Facio (Argentina); Jaune (Bélgica); Tiago Hesp (Portugal); Bárbara R. (Portugal); Bigod (Portugal) e Ana Mak (Portugal). De acordo com Isabel Simões Pinto, vereadora da Cultura da Câmara Municipal de Estarreja, esta é a edição «mais internacional de todas», pois sempre «apostamos na qualidade, mesmo que tenhamos poucos artistas portugueses», disse.
Ainda segundo a perspetiva da autarca, o importante é que «as pessoas se identifiquem e se apropriem do festival», pois a principal missão «é alertar para temas sociais e ambientais», de modo a transmitir «a vivência do espaço público de outra forma», proferiu.
Em terras de Antuã, o ESTAU já conseguiu produzir cerca de 55 obras de arte ou murais, conferindo um novo elemento distintivo e de atração territorial. Caraterizada como efémera, a arte urbana «vai desaparecendo, tal como já aconteceu», afirmou a vereadora, salientando que o festival é essencial para «preservar a identidade local».
Nesta edição, as novidades vão surpreender (ver programa) e contar novos enredos. «Perto do Mercado Municipal, vai ser feito um mural pelas mãos de um grupo de jovens da Escola Secundária de Estarreja, que vai começar um “workshop” para aprender co­mo fazer a arte», contou Isabel Simões Pinto. Entre os desafios da preservação do meio ambiente e da promoção da sustentabilidade, o município «vai associar-se à construção de um mural que visa preservar a biodiversidade do território», anunciou a autarca, destacando o acompanhamento do artista português Tiago Hesp.
Sobre a organização do município de Estarreja e ao abrigo de parcerias de programação com a Mistaker Maker, por via da curadoria de Lara Seixo, e o Cine Clube de Avanca, o Festival de Arte Urbana, avaliado em 800 mil euros, conta com apoios do setor industrial co­mo a Boldalti, Garagem Progresso e Infraestruturas de Portugal.

Intervenções
feitas nas paredes
Na entrada do norte da cidade, o trabalho já tinha começado na passada terça-feira. O extenso muro da Boldalti, com cerca de 600 metros, já anunciava as cores pelas mãos de Bigod, de seu nome João Domingos. Natural de Santarém e habituado a pintar murais, o artista assumiu que a sua arte está ligada à «etnografia». Retratar tradições e evocar memórias são a principal missão do seu trabalho e, como tal, não deixou escapar o convite para estar presente pela primeira vez no festival estarrejense.
Entre as 8 e as 19 horas, Bigod e mais dois colegas, «os reforços», como referiu, colocam o talento em ação, sem descurar as diretrizes que o município gostaria de ver estampadas, entre as quais o património arquitetónico industrial, a­lusivo à Bondalti nos primeiros 200 metros do muro; a identidade gráfica histórica; o cultivo do arroz; a construção naval ou a tapeçaria.
Da nova e simbólica entrada para a cidade, obras não faltam. Ao lado da antiga Escola Primária de Salreu, na Rua Professor Miguel Lemos, o argentino Facio já tinha desenhado o benemérito Visconde de Salreu (1854-1936), conhecido por Domingos Joaquim da Silva. Interessado pelos distintos elementos que acompanham a identidade de um povo e o seu território, o artista coloriu a figura com traços pretos, idênticos a uma renda. Fácio tem obras em países como Marrocos, Argentina, Chile, Espanha, País Basco e Alemanha.

Facio é o autor da figura do benemérito Visconde de Salreu

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