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Município da Murtosa lança obras de cerca de 16 milhões em outubro

Joaquim Baptista, presidente da Câmara da Murtosa, anuncia que o maior investimento municipal se prende com a expansão da zona industrial.

Entre os investimentos, sobre os quais nos falou o presidente da Câmara da Murtosa em entrevista, está a expansão da zona industrial. Custará 10 milhões de euros e, segundo Joaquim Baptista, será o maior investimento municipal até à data.

Diário de Aveiro: A 14 meses de terminar o seu terceiro mandato à frente dos destinos autárquicos da Murtosa, que balanço faz?

Joaquim Baptista: Faço um balanço positivo, sendo certo que ficamos sempre aquém daquilo que são as nossas expectativas. Ser autarca pressupõe dois denominadores comuns na sua personalidade: ser resiliente. E sê-lo particularmente num concelho em que a generalidade da nossa atuação depende da consciencialização dessa necessidade por parte das entidades externas.
Digo sempre, por brincadeira, que se há coisa que levo do exercício das minhas funções públicas, de quase três décadas, é um “doutoramento em mendicidade pública”, porque são muitas décadas a andar de mão estendida por Lisboa, a pedir, a grande parte das vezes, não que nos façam, mas que nos deixem fazer.

Depois, para além da resiliência, termos a capacidade de gerir frustrações, porque ficamos sempre aquém daquilo que gostaríamos. Digo sempre que um autarca tem de ser resiliente e tem de saber gerir a frustração do dia a dia. A frustração de não ser compreendido, de não conseguir passar uma mensagem, de não atingir os objetivos que preconizou. Ou seja, sonhamos sempre muito mais do que aquilo que concretizamos.
É claro que, se a esta distância, retrocedesse no tempo, julgaria que alguns dos dossiês mais relevantes para o município tivessem, neste momento, um grau de maturidade distinto. Nomeadamente, aquilo que é mais complexo para nós, que são as acessibilidades, que é termos uma acessibilidade condigna às autoestradas.
Temos uma mão cheia de nada há quase duas décadas, aquando da deslocalização do traçado da A29, que cumpria o requisito de base da resolução do Conselho de Ministros, ou seja, que ligava todos os concelhos do litoral. E fá-lo, efetivamente, menos a um, que é a Murtosa. A A29 passa por todos os concelhos do litoral, menos na Murtosa.

E quando [o traçado] foi deslocalizado, e assumido esse incumprimento, foi assumido também um compromisso com o município da Murtosa - formalmente escrito, ou seja, há um acordo com a Secretaria de Estado das Obras Públicas homologado pelos então secretário de Estado e ministro de nos ser feita a ligação à A29 e à A1, que até hoje não se concretizou. Sempre por incapacidades financeiras, por questões burocráticas.
Acho que, neste momento, fruto daquilo que foi a opção do município (adquirir todos os terrenos que são necessários no concelho para que, efetivamente, essa acessibilidade se concretize) estão criadas condições para que o Governo, definitivamente, possa tomar uma posição e que nos permita seguir uma estratégia de concretização.

As suas “frustrações políticas” ficam pelas acessibilidades?
Uma outra prende-se com expansão do nosso perímetro industrial, que ambicionamos há mais de 15 anos. Porque não temos, ao dia de hoje, um único metro quadrado que possamos ceder a qualquer empresário para ampliar a sua unidade ou para construir uma nova unidade. Ou seja, temos os polos 1 e 2 da Zona Industrial (ZI) [na freguesia do Bunheiro] completamente esgotados, entregues à iniciativa privada. E temos uma grande procura.

Finalmente, estaremos em condições de, no início do próximo ano, estarmos em obra num investimento muito próximo dos 10 milhões de euros, que é um esforço imenso para um município com o orçamento como o da Murtosa, mas com uma engenharia financeira que impõe, naturalmente, apoio comunitário a fundo perdido, mas também recurso ao BEI [Banco Europeu de Investimento], no sentido de contrairmos um empréstimo que nos permita montar um modelo de sustentabilidade económica para essa operação.
Foi um calvário ambiental, que culminou com um processo de desafetação da reserva ecológica, que já aconteceu no início de 2024, e que nos permite hoje estar já com projetos de execução concluídos. Essas caixas que estão aí ao seu lado são parte dos projetos de um investimento de cerca de 10 milhões, que será o maior que o município da Murtosa fez em obra pública até à data. Fizemos antes, há quase 20 anos, uma obra de saneamento de 8,5 milhões de euros, mas este será, claramente, o maior.
Falamos de uma área de intervenção com 80 hectares, que vai gerar solo industrial de cerca de 53 hectares. Teremos cerca de 90 lotes novos, com tipologias completamente diversas.

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