À porta do número 20 da Rua do Ribeiro, em Angeja, Maria Custódia Oliveira, de 70 anos, olha apreensiva para a subida das águas que já chega ao primeiro dos dois degraus que dão para a sua casa. “Ai credo, para onde é que eu vou”, desabafa com o Diário de Aveiro, garantindo que, em quase 50 anos que leva a morar em Angeja – nesta casa apenas há 11 - “nunca tal coisa vi”. E nem a garantia dada por “um senhor que aqui esteve de manhã” de que “a minha casa estava livre de perigo” sossegava o olhar de receio da moradora.
Esta conversa foi mantida com o nosso jornal ao final da manhã, numa altura em que a água ia chegando cada vez mais alto na Rua do Ribeiro. “Só às 17 horas é que é a preia-mar, por isso vai continuar a subir até lá”, alertavam alguns populares. Essa era a razão principal da preocupação da D. Maria Custódia que, conforme relatou, já tinha a água a entrar pelas traseiras da habitação. “Tenho lá o frigorífico e uma máquina de lavar roupa. A máquina está por cima de um estrado, mas se a água sobe muito, não sei se não lhe chega”, temia, confidenciando não ter “ninguém para ajudar a tirar as coisas de casa”.
Autor: Adérito Esteves
Foto: Ricardo Carvalhal
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