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Deram mil litros de água a quem estava preso na auto-estrada


Adérito Esteves Terça, 09 de Agosto de 2016
Há situações de tirar o fôlego. E, estar preso numa auto-estrada devido a um incêndio, num dia em que os termómetros atingiram 40 graus, será, com certeza, um desses momentos. Longe de qualquer tipo de ajuda, as centenas de pessoas que, no domingo, ficaram sem saída, à espera que o fogo fosse controlado para poderem seguir o seu trajecto, na A1 e na A29, na zona de Estarreja, depois de susterem a respiração perante o cenário que as rodeava, suspiraram. De alívio, mas, sobretudo, agradecidas. Isto porque, após várias horas debaixo de um calor abrasador, como uma miragem, surgiu, perante aquelas pessoas, um oásis de boa-vontade: um casal percorreu um caminho junto da auto-estrada para distribui água por todas aquelas pessoas. O Diário de Aveiro encontrou o casal em questão. Lucinda Borges e Paulo Pereira, moram em Avanca, perto de ambas as auto-estradas e, perante o cenário que os rodeava, recusaram-se a ficar parados. “Estávamos em casa, víamos a estrada repleta de carros e só pensávamos nas pessoas que estavam ali. Então lembrámo-nos de ir levar água”, relata Lucinda Borges, com a maior naturalidade. “Era o mínimo que podíamos fazer e as pessoas ficaram tão contentes, só com uma garrafa de água...”, diz. Só que quando a autora deste gesto fala em “só uma garrafa de água”, além do contexto da situação de quem a recebeu, há que referir que o casal em questão distribuiu “mais de mil litros” de água, segundo as contas de Lucinda Borges. “Estivemos até quase às 22 horas a ir buscar água e a dar às pessoas”, relata, contando que em “quatro ou cinco viagens”, esgotaram “o stock de água do supermercado”. “Não há dinheiro que pague a felicidade das pessoas” “Uma coisa tão simples”, como Lucinda se refere ao gesto de domingo, mereceu milhares de partilhas nas redes sociais - só um vídeo de agradecimento de uma das pessoas que recebeu a água foi partilhado mais de 11 mil vezes, mas não é isso que deixa a senhora mais contente. “Vinham crianças e idosos a correr buscar água e ver a expressão de alívio daqueles rostos foi uma satisfação completa”, garante. “Não há nada que pague a felicidade daquelas pessoas e foi isso que lhes disse: a minha única preocupação era que chegassem bem aos seus destinos”, recorda Lucinda, que recusou o dinheiro de quem queria pagar pela água.
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