Jornal defensor da valorização de Aveiro e da Região das Beiras
Fundador: 
Adriano Lucas (1925-2011)
Diretor: 
Adriano Callé Lucas

Ministra da Defesa holandesa demite-se devido a retirada caótica do Afeganistão


Sexta, 17 de Setembro de 2021

A ministra da Defesa holandesa, Ank Bijleveld, anunciou hoje a sua demissão, após a gestão caótica da retirada de civis do Afeganistão, seguindo as passadas da titular dos Negócios Estrangeiros, Sigrid Kaag, que se demitiu na quinta-feira.
“Informei o meu partido e o primeiro-ministro [Mark Rutte] de que vou pedir ao rei para aceitar a minha demissão”, declarou Ank Bijleveld, um dia após a aprovação pelo parlamento de uma moção de reprovação criticando o Governo por não ter conseguido retirar do Afeganistão cidadãos afegãos que trabalharam com as tropas holandesas e não ter prestado atenção aos sinais que faziam prever uma tomada rápida do poder pelos talibãs, depois de o parlamento ter instado, inclusive desde o ano passado, à retirada desses civis do país.
A ministra demissionária assegurou também, em declarações à imprensa, não querer “atrapalhar o importante trabalho” dos seus colegas que estão ainda a tentar retirar pessoas de território afegão.
“Não vou esconder que me surpreenderam as consequências do debate parlamentar. Queria continuar o meu trabalho, pelos homens e mulheres na linha da frente e os intérpretes que ainda estão no Afeganistão, mas a minha permanência está sujeita a debate, pelo que já não posso fazer o meu trabalho de forma correta”, explicou Bijleveld.
Antes mesmo de uma maioria parlamentar apoiar, na quinta-feira, a moção de reprovação das duas ministras, a titular da Defesa anunciou que permaneceria no cargo fosse qual fosse o resultado da votação, porque a sua “prioridade é pôr a salvo os intérpretes que ainda estão retidos no Afeganistão” e cujo número ronda uma vintena.
Mas quando a moção foi votada – ao contrário de uma moção de censura, a de reprovação não implica necessariamente a demissão de governantes – e a ministra permaneceu em funções, a sua formação política, o Partido Democrata-Cristão (CDA) mostrou-se desconcertado com a decisão, que contrastava com a demissão imediata da titular da pasta dos Negócios Estrangeiros.
Sigrid Kaag demitiu-se na quinta-feira, depois de ter sido também ela criticada pelo parlamento pela incapacidade do Governo para retirar do Afeganistão alguns funcionários locais e intérpretes que trabalharam com as tropas holandesas no terreno e por não se ter apercebido dos sinais de uma tomada iminente do poder pelos talibãs.
Kaag defendeu a sua gestão da crise, mas admitiu que o executivo tinha “ângulos mortos” sobre a situação no Afeganistão, que a Holanda partilhava com outros países.
As duas ministras holandesas estão entre os primeiros responsáveis ocidentais a demitir-se e a assumir uma responsabilidade no caos que reinou entre a tomada de Cabul pelos talibãs, a 15 de Agosto, e a retirada das forças norte-americanas e dos aliados europeus, no fim de Agosto.
O impacto da sua demissão no sistema político holandês deverá, contudo, ser limitado, já que faziam parte de um Governo interino, que está no poder apenas enquanto o país aguarda que terminem as negociações em curso para a formação de uma nova coligação governamental, após as legislativas de 17 de Março.


Suplementos


Edição de Hoje, Jornal, Jornais, Notícia, Diário de Coimbra, Diário de Aveiro, Diário de Leiria, Diário de Viseu